Entidades cobram mais PPPs no setor de segurança
Representantes de entidades ligadas ao setor de segurança cobraram, nesta
quinta-feira, medidas legais que deem maior consistência às parcerias entre o
setor público e as empresas privadas (PPPs) no combate ao crime
organizado.
Durante audiência pública sobre o assunto, realizada pela
Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, o diretor de
projetos especiais da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais,
Previdência Privada e Vida, Saúde Complementar e Capitalização, Horácio Cata
Preta, afirmou que os órgãos de segurança pública das regiões de fronteira têm
se beneficiado de um sistema de fiscalização que permite a identificação de
veículos roubados e outras irregularidades
documentais.
Identificação de veículos
O chamado
Sistema Nacional de Identificação de Veículos em Movimento (Sinivem), por
exemplo, permitiu a recuperação, por parte da Polícia Rodoviária Federal e
outras instituições de segurança, de diversos automóveis roubados e que seguiam
para países vizinhos ao Brasil, especialmente o Paraguai, onde seriam
comercializados.
O Sinivem consiste na identificação da placa dos veículos e a comunicação imediata de qualquer eventual irregularidade com o posto policial mais próximo. O aumento do número de automóveis recuperados também permitiu à indústria de seguros nacional reduzir o pagamento de indenizações, que somam cerca de R$ 4 bilhões por ano.
Segundo Horácio Preta, desde fevereiro de 2003, quando o sistema foi implementado na fronteira de Uruguaiana (RS), houve a identificação de 110 milhões de automóveis (alguns repetidos, pois o sistema registra cada vez que o veículo passa em um ponto de observação), sendo que 41.926 eram roubados e outros 8.449, suspeitos de fraude contra seguros. Isso não significa que todos os casos foram punidos, porque muitas vezes a polícia não consegue agir a tempo. O programa tem custo anual de R$ 5 milhões pagos pelas seguradoras e já foi estendido para outros postos na fronteira.
Convênio
O caso do Sinivem é considerado um modelo de
convênio, regulado pela Lei de Licitações (8.666/93), e não admite lucro por
parte do setor privado envolvido. Não pode ser considerado uma PPP, que é regida
pela Lei 11.079/04 e admite que a empresa parceira obtenha lucros. “Por
enquanto, o Sinivem é aplicado apenas na área de fronteira, não tem tanta
cobertura e dá para ser totalmente financiado pelas empresas de seguros. Se for
estendido para todo o País, certamente o poder público será forçado a aportar
recursos, criando um mercado paralelo de softwares que poderá não funcionar de
acordo com os interesses públicos”, alertou o diretor institucional do Conselho
de Comandos Gerais da Polícia Militar e Bombeiros, coronel Elias Miler.
Ele informou ainda que casos semelhantes foram identificados em PPPs para a administração de presídios, em que empresas responsáveis pelas unidades prisionais utilizavam a força de trabalho dos presos para obter benefícios econômicos junto a empresas que contratam essa mão-de-obra mediante incentivos fiscais.
O deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), um dos autores do requerimento para a realização da audiência, defendeu a mudança da legislação para permitir a formalização de um leque maior de parcerias na área de segurança. Ele sugeriu que o modelo de identificação do Sinivem seja utilizado nos radares que medem a velocidade nas vias públicas.
Fonte: Agência Câmara
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