Em Audiência para análise da Lei Orgânica da Segurança Pública, sindicalistas pedem estrutura legal para carreiras das polícias

06/06/2017 20h40

Em Audiência para análise da Lei Orgânica da Segurança Pública, sindicalistas pedem estrutura legal para carreiras das polícias

Audiência debate Lei Orgânica da Segurança Pública

Sindicalistas da área de segurança pública apontaram nesta terça-feira (6), na Câmara, o que chamaram de inércia do Executivo em enviar ao Congresso projetos que regulamentam carreiras do setor.

O tema foi discutido em audiência realizada pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.

A comissão analisa a Lei Orgânica da Segurança Pública (PL 6662/16), que institui o Sistema Nacional de Segurança Pública (Sinasp), com diretrizes gerais para organização e funcionamento das funções dos agentes.

Os debatedores foram unânimes em apoiar a iniciativa, mas argumentaram que a proposta não substitui a necessidade de se criar uma estrutura legal para as diversas carreiras da área.

"Todos os poderes Executivos lavaram as mãos em relação à segurança pública e jogaram a bomba para o Legislativo”, afirmou o representante da Associação de Policiais e Bombeiros Militares (Anaspra), Elisandro Lotin.

Segundo ele, o Congresso não avança no tema justamente porque depende do Executivo. “E acaba que para o leigo o grande problema somos nós [policiais], mas estamos fazendo a nossa parte, inclusive muito bem”, complementou.

Falta de recursos  
Já o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenape), Luís Boudens, criticou a retirada, pelo Executivo, do Projeto de Lei 6493/09, que criava a Lei Orgânica da Polícia Federal. A proposta, que tramitou na Câmara até 2015, fixava uma estrutura para a corporação (organograma, carreiras e atribuições).

“Hoje há policiais vítimas do carreirismo, que permite a entrada de uma pessoa sem perfil nenhum em busca de um salário e acaba comprometendo até o espírito da corporação”, reclamou.

O representante da Federação dos Policiais Rodoviários Federais (Fenapre), Marcelo Azevedo, observou que há um contingenciamento da ordem de 44% do orçamento das polícias Federal e Rodoviária Federal. “Nós vemos as ações do governo federal nos problemas no Rio de Janeiro e o envio de 300 homens da Força Nacional. Será que é essa política realmente que o governo federal tem para apresentar à sociedade? ”, indagou.

Ciclo completo 
Para o tema avançar no Congresso, o presidente da Associação Brasileira de Criminalística, Bruno Telles, disse que é preciso apaziguar disputas internas. “Há carreiras que têm de ser extintas”, afirmou. “Pode ser que na Polícia Federal resolvam extinguir todas as carreiras e colocar um policial de carreira única que entra na base e pode chegar ao topo”, completou.

Telles avaliou que esse conflito dificulta a aprovação, por exemplo, do ciclo completo de polícia (de investigação e trabalho ostensivo). Se entrar em vigor, a mesma corporação policial passará a executar as atividades repressivas de polícia judiciária, de investigação criminal e de manutenção da ordem pública.

O deputado Alberto Fraga (DEM-DF), que solicitou a audiência, concordou. “Enquanto nós, responsáveis e autoridades, não nos despirmos da vaidade pessoal e da disputa de poder, não vamos chegar a lugar nenhum”, ressaltou.  

Compareceram à reunião :

CEL PM MARCO ANTONIO NUNES DE OLIVEIRA
Presidente do Conselho Nacional dos Comandantes Gerais - CNCG;

CEL. MARLON JORGE TEZA 
Presidente da Federação Nacional das Entidades de Oficiais Militares Estaduais - FENEME;

ELISANDRO LOTIN DE SOUZA
Associação Nacional dos Praças Policiais e Bombeiros Militares - ANASPRA;

LUÍS ANTÔNIO DE ARAÚJO BOUDENS
Presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais - FENAPEF; 

MARCELO AZEVEDO
Diretor Jurídico do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no Estado de Goiás - SINPRF/GO, representando o Senhor PEDRO DA SILVA CAVALCANTI, Presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais - FENAPRF;

BRUNO TELLES Presidente da Associação Brasileira de Criminalística - ABC;

MARCOS DE ALMEIDA CAMARGO
Presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais - APCF e 

CEL. JOÃO CARLOS PELISSARI - Assessor Parlamentar da Associação dos Militares Estaduais do Brasil - AMEBRASIL.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

 'Agência Câmara Notícias', com modificações