Deputados pedem ao ministro da Justiça ajuda na crise dos bombeiros do RJ

08/06/2011 19h25

Deputados querem que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ajude a conter a crise no Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. O pedido foi feito na tarde desta quarta-feira por 16 deputados federais de 12 partidos durante reunião no Ministério da Justiça. Desde sábado (4), 439 bombeiros do estado estão presos por invadirem o quartel-general da corporação em protesto contra os baixos salários.

De acordo com o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o objetivo é que uma comissão de parlamentares e representantes dos bombeiros negocie com o governador do estado, Sérgio Cabral, e encontre uma alternativa para libertar os militares e atender às reivindicações da classe. A principal reivindicação da categoria é o aumento salarial de R$ 950 para R$ 2.000 e vale-transporte.

Segundo o parlamentar, a preocupação dos deputados é que manifestações como a do Rio se espalhem pelo País. “Temos informações de várias paralisações e de movimentação de bombeiros e policiais militares.” Na opinião do deputado Paulo Pereira da Silva, os protestos podem se intensificar no País todo direcionados à aprovação da emenda à Constituição (PEC 300/08) que fixa um piso salarial nacional para policiais e bombeiros militares.

Após a reunião, o ministro se comprometeu a procurar o governador Sérgio Cabral. “Ele se posicionou favoravelmente e disse que vai procurar o governador ainda hoje para tentar abrir esse canal de negociação”, afirmou o deputado.

“Qualquer ação do Ministério da Justiça tem que ser feita em entendimento com o governador Sérgio Cabral. O governador Sérgio Cabral tem demonstrado muita competência na condução dos trabalhos de segurança pública", assinalou o ministro.

De acordo com o deputado Dr. Aluizio (PV-RJ), os bombeiros estão reivindicando aumento salarial desde janeiro. “Não houve nenhuma sensibilidade do governador. Ele não atendeu, e isso foi gerando uma tensão que levou à invasão do comando do Corpo de Bombeiros.”

Na última segunda-feira (6), o governador Sérgio Cabral afirmou, em entrevista, que os manifestantes eram vândalos e que iriam responder administrativa e criminalmente pelos atos. “O governador Sérgio Cabral os chamou de vândalos, mas vândalo é ele, que está no segundo mandato e não resolve essa questão”, disse Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).

Para o deputado Glauber Braga (PSB-RJ), os bombeiros do Rio merecem o respeito do governo estadual. “Você não pode combater bombeiro militar como se fosse criminoso e usando uma política de força.” Segundo o deputado, os quartéis de bombeiros do estado são ambientes de tensão constante; por isso, é necessário que o governo tente resolver a situação o mais rápido possível.

“O Rio de Janeiro foi palco da maior tragédia climática do Brasil. Os bombeiros vão ter um papel importantíssimo na política de prevenção para as próximas chuvas que serão em dezembro”, ressaltou o parlamentar, lembrando a tragédia causada pelas fortes chuvas de janeiro na região serrana fluminense.

Comissões tentam intermediar negociações
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias aprovou na tarde desta quarta-feira a criação de um grupo de trabalho que vai agendar um encontro com o governador Sérgio Cabral, além de visitar as lideranças dos bombeiros para intermediar nas negociações do conflito.

A comissão aprovou também uma moção de apoio à negociação com os bombeiros. A moção pede a retomada de negociações e a imediata liberação dos bombeiros presos. O grupo, formado pelos deputados Chico Alencar (Psol-RJ), Edson Santos (PT-RJ), Erika Kokay (PT-DF) e Liliam Sá (PR-RJ), deve ir ao Rio nesta sexta-feira.

Segurança Pública
O presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado deputado Mendonça Prado (DEM-SE), esteve nesta terça-feira no Rio de Janeiro para tentar intermediar as negociações entre representantes dos bombeiros e policiais militares e o governo do Estado.

Prado vai apresentar um projeto de lei com a finalidade de anistiar os policiais e bombeiros militares do Estado do Rio de Janeiro punidos por participar de movimentos reivindicatórios. “A ideia é sanar injustiças e impedir a punição penal militar dos envolvidos no protesto por aumento de salário e melhores condições de trabalho, realizado no Quartel Central da corporação, no centro do Rio de Janeiro”, esclareceu.

Íntegra da proposta: