Deputados acompanham caso de tortura em jornalistas no Rio
Integrantes da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado vão amanhã ao Rio de Janeiro para acompanhar os desdobramentos da denúncia de tortura sofrida por uma equipe do jornal O Dia na Favela do Batan, em Realengo, zona norte da capital fluminense.
No dia 14 de maio, segundo a publicação, os jornalistas ficaram sete horas e meia nas mãos dos bandidos. Eles foram espancados, submetidos a choques elétricos, sufocamento com sacos plásticos e roleta russa. A equipe fazia reportagem sobre a atuação de uma milícia - grupo geralmente formado por soldados, policiais ou bombeiros - no local.
O presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), informou que os parlamentares vão se encontrar com o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, para saber o que está sendo feito para punir os responsáveis: "Vemos com muita preocupação a disseminação das milícias. Então, vamos saber o que está motivando, o que está por trás, como é que se dá essa organização; vamos recolher dados para poder, se for necessário, promover mudanças nas leis para agilizar a punição e desbaratar essas quadrilhas que vendem proteção aos moradores".
Raul Jungmann considera o caso ainda mais grave por atingir profissionais da imprensa. "É um atentado contra os direitos humanos, mas também contra a liberdade de imprensa. Não foi por acaso que eles escolheram jornalistas para torturar e seqüestrar. Era exatamente para incutir o medo, para que a imprensa não faça o seu papel de denunciar, de informar a sociedade sobre os males e os seus responsáveis. Sem liberdade de imprensa não existe Estado de Direito", ressaltou.
Direitos Humanos
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), também vai propor que um grupo de deputados vá ao Rio de Janeiro para verificar a situação das vítimas e o trabalho da polícia. "Num primeiro momento, é necessária a ida de representantes da comissão para averiguar a situação, fazer uma visita, compreender bem o que aconteceu lá. A partir disso, marcaremos uma audiência pública, porque não podemos ficar vendo a liberdade de imprensa e as garantias individuais serem cerceadas por pessoas à margem da lei", disse.
Provas
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) disse que apresentará na próxima quarta-feira, em reunião da comissão, um relato sobre o caso. Segundo ele, 78 comunidades do Rio de Janeiro estão sob controle de milícias.
O deputado criticou a declaração, do secretário de Segurança do Rio, de que seria difícil conseguir provas contra quem participa de milícias: "Para nós não é difícil. É fácil mapear quais são as autoridades policiais que, desonrando a farda e a função, estão envolvidas com esse esquema de poder paralelo."
De acordo com José Mariano Beltrame, já foram identificados policiais que participaram do seqüestro e tortura da equipe do jornal O Dia. O grupo seria composto, entre outros, por policiais militares e civis.
Fonte: Agência Câmara
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