Crime no Morro da Providência
Quatro dias depois do crime contra três jovens de uma favela do Rio, a polícia ainda não esclareceu como estão as investigações para prender os traficantes que teriam matado os rapazes.
Na manhã de quarta-feira, o presidente da comissão de segurança pública da Câmara dos Deputados pediu desculpas aos moradores da favela pelo crime dos militares.
No morro da Providência, os operários retomaram as obras do projeto Cimento Social, suspensas desde o fim de semana.
O deputado Raul Jungmann, presidente da comissão de segurança pública e combate ao crime organizado da Câmara dos deputados, foi à favela na quarta-feira de manhã. Ele estava acompanhado do presidente da ONG Viva Rio, Rubem César Fernandes. Antes da reunião com moradores, o grupo fez uma oração.
O deputado fez um pedido formal de desculpas em nome do Congresso Nacional e questionou o uso das Forças Armadas em ações de segurança pública. "Você coloca uma instituição que foi criada para a defesa dos brasileiros, para cuidar do país, numa situação onde a comunidade está sofrida e numa posição contrária às Forças Armadas", disse Jungmann.
Na favela, há um protesto silencioso: um boneco com parte da farda do Exército foi pendurado numa construção.
Oito dos 11 militares acusados de entregar os três jovens a traficantes de uma quadrilha rival foram ouvidos até de madrugada pelo delegado que investiga o caso, Ricardo Dominguez. "O que eu posso adiantar é que o tenente sem dúvida determinou a seus comandados a entrega dos jovens ao Morro da Mineira", disse Dominguez.
Antes da conclusão do inquérito, prevista para segunda-feira, o delegado vai ouvir duas testemunhas – moradores do Morro da Providência que teriam visto o momento em que os militares prenderam os três jovens. Os depoimentos podem ajudar a esclarecer a participação de cada acusado no crime.
Nesta quinta, o presidente Lula falou sobre o caso: "O que aconteceu foi uma coisa abominável, que não tem explicação. Não é possível que três jovens inocentes sejam vitimados de um ato insano de pessoas que estavam lá para colocar ordem", declarou.
O presidente lula disse ainda que é preciso trabalhar para fazer Justiça e que o Estado tem que fazer uma reparação às famílias. Uma comissão da secretaria especial de Direitos Humanos do governo federal desembarca no Rio na sexta-feira para acompanhar o caso.
A defensoria pública do Rio de Janeiro vai pedir que as tropas sejam retiradas da favela e que seja estipulada uma indenização para as famílias das vítimas. De acordo com o defensor, a presença do Exército no morro não se justifica e contraria a Constituição Federal.
Fonte: TV GLOBO/ JORNAL HOJE