Colômbia tem polícia unificada

02/05/2007 09h00

João Campos ressalta outro item do modelo colombiano: a Polícia Nacional. Em comparação com o caso brasileiro, isso significaria a união da polícia civil, militar e federal. "A questão é que no país vizinho, a polícia nacional está vinculada ao Ministério da Defesa, mas obedece ao prefeito, ao governador e ao ministério. Isso faz a diferença", observa.

Confrontado se a união das polícias não seria uma solução para o Brasil, João Campos reconhece que essa união "poderia ser um ganho", mas vê dificuldades em que, por exemplo, a polícia federal se uma com as outras polícias. "No entanto, se os governos não investirem maciçamente na polícia e criar condições de responsabilidade solidária entre as diversas instâncias essa união não surtirá resultados", acredita.

João Campos também chama a atenção para o fato de que, na Colômbia, o efetivo da segurança privada é maior do que o das Forças Armadas e da Polícia Nacional. "Com um detalhe, a segurança privada tem controle eficaz do poder público, formando uma rede de informação da polícia como um todo e, até mesmo, fazendo o policiamento ostensivo junto com a polícia do Estado", salienta. Segundo o deputado, no Brasil não há controle da segurança privada pelo poder público nem tampouco colaboração com a polícia formal.

Dados científicos

Também relevante, na avaliação do parlamentar, é que no Brasil as políticas públicas são implementadas geralmente sem base em dados científicos, ao contrário do que acontece na Colômbia. "Lá existe um observatório na área de segurança pública, com a colaboração das universidades, que realizam pesquisas e análise quantitativas e qualitativas", exemplifica João Campos.
Ele observa que no Brasil existem núcleos de estudos da violência na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), "cujas pesquisas, até onde se sabe, somente são utilizadas pelo Poder Público de forma esporádica". Para o deputado, esse exemplo deveria ser seguido no Brasil, com a união dos esforços da Academia Nacional de Polícia e das universidades que estudam o tema.

Fonte: Jornal da Câmara, 2 de maio de 2007.