Beltrame ameaça fazer uma 'limpeza' na Polícia
Secretário estadual se reuniu com deputados da Comissão de Segurança Pública da Câmara
O secretário estadual de Segurança Pública José Mariano Beltrame anunciou nesta terça-feira que, se preciso, "será feita uma limpeza na Polícia Militar". Beltrame se reuniu com o presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, Raul Jungmann (PPS-PE), e com a vice-presidente da comissão, Marina Maggessi (PPS-RJ), para tratar do caso de seqüestro e tortura de repórteres do O DIA que faziam reportagem sobre a milícia que controla a Favela do Batan, em Realengo.
A comissão pediu informações ao secretário sobre as investigações e conversou sobre as medidas para combater as milícias. Ao sair da reunião, Jungmann disse que a apuração do crime está adiantada e que os responsáveis devem ser presos nos próximos dias. “Nas próximas horas ou nos próximos dias, os resultados (da investigação) serão apresentados pelo secretário. Ele já tem provas absolutamente robustas”, disse Jugmann.
Além dos envolvidos na tortura, segundo o deputado, o mandante do crime já foi identificado. A comissão vai entregar relatório à Câmara dos Deputados e ao ministro da Justiça Tarso Genro propondo a tipificação do crime de formação de milícia.
Beltrame confirmou que o caso está perto de ser resolvido. Ele condenou o envolvimento de agentes da segurança pública com crimes e disse que o número PMs demitidos em 200 (cerca de 220) é "altíssimo". "Se preciso, será feita a limpeza. A limpeza é necessária em qualquer esfera do poder público. Transparência não faz mal a ninguém", disse.
"Tráfico não dá voto. Milícia dá voto e fecha toda uma região. Elas são como a Farc, que aterrorizam a região. Este é um problema grave que ameça não só a segurança mas a democracia", disse Jungmann.
Os deputados saem da reunião com proposta de criação de uma vara criminal para investigar e condenar o crime organizado no Rio de Janeiro, como existe em São Paulo e Rio Grande do Sul.
Jungmann também alertou para a necessidade de regularizar a exploração do transporte alternativo de vans e kombis no Rio, que, segundo ele, alimenta financeiramente as milícias.
O delegado Claudio Ferraz, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), que comanda as investigações, e o comandante-geral da PM, Coronel Gilson Pitta, também participaram da reunião.
Fonte: Jornal O DIA