Profissionais de saúde propõem medidas para reduzir incidência da sífilis congênita
Billy Boss/Câmara dos Deputados
Laura Carneiro: não é possível que País ainda conviva com essa doença
Atualmente, no Brasil, a doença atinge cinco a cada 100 mil bebês nascidos vivos por ano. O número de casos dobrou nos últimos dez anos.
A sífilis congênita pode provocar aborto e deixar sequelas como má formação, alterações ósseas, surdez, dificuldade de aprendizagem e lesões neurológicas, entre outras.
A deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ) lembrou que a sífilis deixa tantas sequelas quanto a zika, e que sua incidência é ainda maior. Para a deputada, não é possível que o País ainda conviva com esse tipo de doença.
"Há 50 mil casos por ano de sífilis na gestação e 12 mil crianças que nascem com sífilis congênita. É muita coisa em pleno século 21, quando você não deveria ter nenhuma incidência, nenhum caso de sífilis. Eu acho que estamos muito atrasados, muito mais do que deveríamos estar, em questões muito simples".
Tratamento nos homens
Diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken informou que o aumento do número de casos se deu por falhas no diagnóstico precoce e falta da penicilina, mas que o ministério conseguiu realizar a compra emergencial do remédio e resolveu o nproblema do abastecimento.
No entanto, persistem outros problemas, como o diagnóstico tardio, a falta de tratamento adequado e a recusa de muitos homens em seguir o tratamento, podendo infectar novamente a parceira. Foi o que destacou a obstetra Lucila Nagata, representante da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
"Há um trabalho publicado na revista da Febrasgo mostrando que em 36,6 mil casos de sífilis congênita, 78% das gestantes fizeram pré-natal; 56% tiveram o diagnóstico antes do parto; e só 13,3% tiveram os seus parceiros tratados. Então, um ponto que precisamos atacar é fazer com que esses parceiros se tratem de sífilis quando suas esposas, suas companheiras, forem diagnosticadas."
Conscientização
Maria Albertina Rego, da Sociedade Brasileira de Pediatria, também lamentou a insuficiência de profissionais capacitados para aplicação da penicilina e a falta de conscientização dos homens em seguir o tratamento.
Ela propôs mudanças no sistema assistencial de saúde para aumentar o diagnóstico precoce e para que o paciente se envolva com sua própria situação.
O representante do Conselho Federal de Enfermagem, Gilvan Brolini, informou que a entidade aprovou nota autorizando que técnicos de enfermagem possam administrar penicilina em mulheres grávidas, e que a aplicação poderá ser feita em unidades básicas de saúde, o que era vedado pelo conselho.
Edição - Rosalva Nunes