A Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres entregou nesta quinta-feira (21), o “Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós” às cinco escolhidas para receber a honraria na edição deste ano. As agraciadas, indicadas por parlamentares, são mulheres que trabalham na defesa dos direitos das mulheres em suas comunidades e áreas de atuação. 

Na edição 2021, o Diploma, instituído em 2003, celebra a marca de 50 mulheres homenageadas em todos os cantos do país. Para a presidente da Comissão, deputada Elcione Barbalho (MDB-PA), este ano é simbólico, também, devido à  pandemia causada pela COVID-19. 

“As mulheres foram as mais impactadas, muitas foram obrigadas a se isolar em casa com companheiros agressores. Outras tiveram suas jornadas multiplicadas.  As mulheres autônomas chefes de família enfrentaram a insegurança para manter o sustento dos filhos. A pandemia nos obrigou a olhar a sobrecarga das mulheres na estrutura social e vimos força delas como nunca antes”, lembrou Elcione. 

A coordenadora da bancada feminina na Câmara, deputada Celina Leão (PP-DF), destacou a simbologia do diploma Carlota Pereira de Queirós. “Ele mexe com mulheres que lutam e trabalham e nos representam todos os dias, dentro e fora da Câmara. Tem gente que acha que ser político é ter mandato, mas ser político é fazer o bem para as pessoas, é participar dos debates na sociedade. É isso que essas mulheres valorosas fizeram, elas nos representam fora do Parlamento.” 

Já a procuradora da mulher, deputada Tereza Nelma (PSDB-AL), lembrou a importância do reconhecimento do trabalho de outras mulheres: “Momentos como este nos dão a oportunidade de valorizar outras mulheres, essas que lutam ou lutaram. Nós mulheres precisamos cada vez mais desafiar a sociedade para conseguirmos mudar a realidade”.

Homenageadas 

As agraciadas foram indicadas pelos deputados Maria Rosas (Republicanos-SP), Carlos Veras (PT-PE), Carmen Zanotto (Cidadania-SC), Tábata Amaral (PSB-SP) e Tereza Nelma (PSDB-AL). 

São elas, na ordem, a secretária nacional de Políticas para as Mulheres, Cristiane Britto; a ativista pelos direitos das empregadas domésticas Lenira Carvalho, falecida em agosto passado, aos 88 anos; a desembargadora e coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Salete Sommariva; a fundadora do projeto Costurando Sonhos Brasil, que capacita e certifica, em corte e costura, mulheres em situação de vulnerabilidade social, Suéli Feio; e a médica Terezinha Ramires, falecida em março deste ano, aos 90 anos, fundadora da Associação Alagoana Pró-Mulher.

Agraciadas com o Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós.

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Ao receber o diploma, Cristiane Britto agradeceu pelo reconhecimento de seu trabalho à frente da Secretaria de Políticas para as Mulheres, de onde vem conhecendo de perto a realidade das mulheres brasileiras. 

“O reconhecimento me traz a certeza de que estou na trilha correta, mas que preciso avançar na luta pelos direitos das mulheres, de todas elas. Das marisqueiras, das quebradeiras de coco, das agricultoras familiares, das quilombolas, das ribeirinhas, das indígenas, das médicas, das cientistas, das voluntárias e de tantas outras que enchem o meu coração de motivação”, declarou a secretária. 

Também presente na cerimônia, Suéli Feio contou a história do projeto Costurando Sonhos Brasil, que começou na comunidade paulistana de Paraisópolis e desde 2017 capacitou mais de 400 mulheres, em sua maior parte vítimas de violência doméstica. 

“Criamos uma marca não porque a gente desejou, mas porque depois da capacitação vimos que não era tão fácil inserir as mulheres no mercado de trabalho e, como alternativa, criamos nossos próprios produtos e resolvemos comercializar”, esclareceu Suéli. 

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, presente na cerimônia, disse sobre as homenageadas: “Essas são as mulheres mais incríveis que eu poderia imaginar para receber esse Diploma, são merecedoras”. 

Carlota Pereira de Queirós 

A paulistana Carlota Pereira de Queirós (1892-1982), que dá nome ao prêmio entregue pela primeira vez em 2004, foi a primeira deputada federal eleita da história do Brasil, em 1934. Médica, escritora, pedagoga e política, Carlota participou dos trabalhos na Assembleia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935. 

Seu mandato, em defesa da mulher e das crianças, foi dedicado a ações educacionais que contemplassem melhor o tratamento às mulheres. Ocupou o cargo de deputada federal até 1937, quando Getúlio Vargas fechou o Congresso. 

“Carlota de Queiros, além de ter sido a primeira mulher a votar, foi pioneira na área da saúde. Para uma mulher ser médica, naquela época, era muito complexo. Ela trouxe em sua carreira esse olhar do cuidado, que é típico não só das mulheres, mas também de quem trabalha com a saúde”, declarou a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC). 

Texto: Lanna Borges com informações da Agência Câmara de Notícias