Mortes por falha de companhia energética gera indignação em audiência

17/07/2013 13h40
16/07/2013 21:35

 

As mortes provocadas por falhas na rede elétrica da Companhia Energética de Pernambuco, a Celpe, indignaram deputados em audiência pública da Comissão de Minas e Energia. Foram 31 óbitos por choque elétrico nas ruas do estado em 2012, uma média de quase três por mês.

Apesar da ausência de estatísticas oficiais, a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade estima que desde 2008 houve mais de mil acidentes fatais. O pai de Davi Lima Santiago Filho, que faleceu eletrocutado após esbarrar em um fio desencapado na cidade de Recife, em junho deste ano, culpa a Celpe pela tragédia.

"Então, isso se chama negligência e irresponsabilidade total. E eu ainda acrescento: nenhum medo de punições, quer seja da Justiça, quer seja da Aneel ou dos órgãos reguladores."

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, a Celpe foi a empresa campeã de reclamações em 2012. O presidente da empresa, Luiz Antônio Ciarlini, alega que a rede elétrica responsável pela morte de Davi Filho é da prefeitura de Recife. Além disso, Ciarlini afirma que a maioria dos acidentes com choque elétrico não é provocada por falhas nos equipamentos da empresa.

"São ocupações de áreas de forma desordenada dentro do estado. São trabalhadores não qualificados que se aproximam da rede elétrica e tocam inadvertidamente na rede elétrica. São ligações clandestinas que ocorrem na medida em que elas vão ser executadas por pessoas desabilitadas, que venham a sofrer acidentes fatais."

No entanto, os deputados fizeram uma série de acusações à Celpe, que vão desde o crescente número de interrupções no fornecimento de energia elétrica até o uso de policiais para invadir residências com ligações clandestinas. O deputado Eduardo da Fonte, do PP de Pernambuco, que inclusive já apresentou um pedido de cancelamento da concessão da companhia, acredita que as falhas se devem principalmente à terceirização da mão de obra.

"Onde a empresa tem visado apenas os lucros, deixando de lado a qualidade do serviço, pagando por uma mão de obra menos qualificada e mais barata. E a prova de que isso está prejudicando o fornecimento de energia elétrica no estado de Pernambuco é a qualidade do serviço, que tem piorado bastante ano a ano."

A Comissão de Minas e Energia vai encaminhar o caso o Ministério Público Federal.

Agência Câmara

De Brasília, Ricardo Viula