Índios pedem respeito e dignidade
Segundo o representante dos indígenas Guarani-Kaiowás do Estado do Mato Grosso do Sul, Fernando da Silva Souza o confinamento dos índios traz consequências físicas e sociais como a mortalidade infantil e o aumento significativo dos suicídios. De 2000 até março de 2012 foram 555 casos de suicídios, dos quais 99% são do povo Guarani-kaiowá.
Já o representante dos indígenas Xavantes do Estado do Mato Grosso, cacique Damião Parazame pediu o fortalecimento da FUNAI e denunciou a venda das terras indígenas pelos posseiros e fazendeiros da região. “Nunca negociei com governador, ou prefeito, nem mesmo com fazendeiros. Se eu pegar um carro, ou dinheiro isso acaba, a terra nunca acaba”, afirmou o Damião.
Segundo o Aluízio Azanha, assessor da presidência da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, o pagamento aos fazendeiros de indenização justa pela terra indígena seria uma alternativa para os embates, porque o que os índios desejam é a autonomia do seu povo e a sustentabilidade de suas terras. “Os índios querem permanecer nas suas terras, mesmo que seja para recuperá-las depois de exploradas pelos fazendeiros e grileiros” afirmou o assessor.
A responsabilidade do Judiciário no impasse entre fazendeiros e índios foi relatada pela sub-procuradora-geral da República, Débroa Duprah. "Toda vez que há iniciativa do Estado em avançar no reconhecimento dessas terras, nós temos uma reação privada, à qual se soma um reforço do Judiciário."
Aliado a questão indígena também se manifestou o secretário nacional de articulação social da Secretária Geral da Presidência da república, Paulo Roberto Martins Maldos, que citou o exemplo positivo da aldeia Caiapó que hoje vive de forma sustentável em suas terras.
“Dando acesso às políticas públicas os índios são capazes de produzir e preservar as terras brasileiras. Quando a política chega eles avançam, quando eles têm terra eles produzem”, finalizou o secretário.
Líderes indígenas sofrem ameaças
Após indígenas relatarem as ameaças de morte que vem sofrendo, o deputado Sarney Filho (PV/MA), presidente da CMADS encontrou-se com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo para pedir segurança às lideranças indígenas e agilidade nos inquéritos policiais que investigam os desaparecidos. Os vários casos de demarcação de terras indígenas que estão sendo alvo de processos judiciais também foram levantados por Sarney Filho.
“Está havendo um verdadeiro genocídio dessas comunidades, que estão vivendo em situação precária, em beira de estrada, sem ter a garantia da terra onde nasceram e onde seus ancestrais viveram”, disse o parlamentar.
Paralelamente, Sarney apresentou ao Conselho Nacional de Justiça um dossiê com todos os casos de ameaças e violência que várias etnias estão enfrentando. Os índios disseram que se sentem abandonados e querem a presença mais efetiva da Funai.