Comércio que combater desperdício pode ganhar selo de sustentabilidade

Mercados, bares e restaurantes que adotarem práticas para evitar o desperdício de alimentos poderão receber o Selo Estabelecimento Sustentável. A proposta (PL 5413/13), do deputado Jorginho Mello, do PR de Santa Catarina, aprovada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, prevê que o selo será concedido pelo órgão federal de turismo.
08/10/2013 14h55

De acordo com o IBGE, 30% dos alimentos produzidos no País são desperdiçados, o que corresponde a 39 milhões de toneladas anuais, o suficiente para alimentar 19 milhões de pessoas por um ano. Esses números podem ser maiores se considerado tudo que é plantado no Brasil. De acordo com a Embrapa, 64% do que é plantado é desperdiçado na cadeia que vai da colheita até chegar à mesa - e ao lixo - do consumidor final. Cada família desperdiça em média 182 quilos de alimentos do por ano. Além da comida em si, o País também perde terra, água, fertilizante, energia e trabalho.

De acordo com o relator da proposta na comissão, deputado Valdir Colatto, do PMDB de Santa Catarina, as perdas representam aumento de custos para o produtor, que repassa para o consumidor. Ele explica que, para ter o selo, o estabelecimento deverá tomar cuidado com armazenamento, compras e manuseio dos alimentos. Além do selo, Colatto acredita que o empresário ganhará com a economia.

"O que nós precisamos é bem usar os alimentos. É tão difícil você produzir o alimento e quando você tem, ele já produzido, armazenado no supermercado, você acaba jogando fora."

A coordenadora de nutrição da ONG Banco de Alimentos, Camila Kneip, afirma que as pessoas também devem se preocupar com a forma como usam os alimentos em casa. Ela avalia que um terço do que se compra em casa vai para o lixo. Por isso, ela alerta que as famílias devem planejar suas compras, armazenar corretamente os alimentos de forma organizada para que eles não percam a validade e também utilizá-los integralmente.

A ONG Banco de Alimentos defende o uso integral dos alimentos, inclusive de cascas e talos. Ela disse que as pessoas têm preconceito com essas partes, mas que elas têm até mais nutrientes do que as partes tradicionalmente consumidas. Camila Kneip afirma que deve haver um esforço conjunto da sociedade.

"A iniciativa deve ser feita de todas as áreas. Em todos os estabelecimentos já deviam ter a iniciativa de promover a sustentabilidade no estabelecimento como um todo, não só na área de alimentos, mas em todas as áreas. Isso porque gera economia e também gera benefícios para o meio ambiente. E os clientes deviam ter consciência na hora de servir, de fazer o pedido, para que o alimento final não seja desperdiçado."

A proposta será analisada ainda pelas comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça. Se aprovada e não houver recurso para votação pelo Plenário, segue para o Senado.

Fonte: Vânia Alves, Rádio Câmara de Brasília.