Brasil tem carta na manga para tentar sair da Rio+20 como líder verde

Às vésperas da conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, o Brasil possui um trunfo nas mãos: uma proposta para criação de piso mundial de proteção socioambiental.
05/05/2012 00h00

Discutida ainda discretamente nas negociações que envolvem 193 países, o projeto apresenta-se como uma espécie de Bolsa-Família, com elementos do programa Bolsa Verde, que remunera famílias que vivem em unidades de conservação na Amazônia e adotam práticas ambientais sustentáveis.

Além de garantir uma renda mínima para combater a extrema pobreza, a proposta do piso de proteção socioambiental proporcionaria uma remuneração extra às famílias cadastradas pela proteção de florestas e recuperação de áreas degradadas.

Contudo, os negociadores lidam com resistências grandes de países em desenvolvimento reunidos no Grupo dos 77, do qual o Brasil faz parte, a restrições que venham a ser impostas por compromissos com a economia verde à comercialização de produtos desses países. O temor é de que a defesa da economia verde sirva à imposição de barreiras comerciais.

A expectativa é de que o projeto socioambiental conste na declaração final da Rio+20. O documento vem sendo negociado oficialmente desde novembro do ano passado, quando cada um dos países apresentou suas propostas. Até o momento, os rascunhos produzidos foram criticados pela falta de avanços esperados para a conferência que se realiza 40 anos depois de a Organização das Nações Unidas (ONU) adotar formalmente a defesa do desenvolvimento sustentável, em que o crescimento econômico reconhece os limites dos recursos naturais e considera o combate à exclusão social como um de seus objetivos.

O receio de fracasso da cúpula da ONU, agravado no momento com o embate da sociedade com a presidente Dilma Rousseff, em relação ao Novo Código Florestal, fez com que os negociadores do piso socioambiental prometessem resultados ambiciosos. O compromisso é uma forma de tentar driblar a expectativa de a conferência falhar e, sobretudo, garantir a presença de líderes mundiais importantes, essencial para que o Brasil avance no projeto de consolidar sua própria liderança no debate mundial do desenvolvimento sustentável.

 

Fonte: Amda