Ativistas continuam protesto contra embarque de ferro-gusa no Maranhão
Adário, que segurava uma faixa com os dizeres “Dilma, desliga essa motosserra”, pedindo o veto da presidente ao Código Florestal aprovado no Senado, participa do revezamento iniciado pelos ativistas na última segunda-feira (14).
Em fevereiro, ele foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como “Herói da Floresta”, devido aos 15 anos de trabalho para preservar a Amazônia.
Eles pedem providências para evitar que o ferro-gusa, matéria-prima do aço, continue sendo feito no Brasil com carvão vegetal extraído ilegalmente da Amazônia.
No início da semana, relatório divulgado pela organização ambiental liga o desmatamento ilegal na floresta amazônica do Pará e Maranhão à produção de aço voltada para o mercado automobilístico dos Estados Unidos.
De acordo com o estudo “Carvoaria Amazônia”, até 90% do ferro-gusa (principal matéria prima do aço e requer carvão vegetal) produzido na região de Carajás é exportado para siderúrgicas dos EUA, que fornecem, posteriormente, para grandes montadoras. Carajás engloba partes do Pará, Maranhão e Tocantins.
O Greenpeace apontou no documento que ao menos duas guseiras brasileiras, uma instalada no PA e outra no MA, são responsáveis por essa produção, mas as duas movimentariam uma cadeia com ilegalidades como desmate do bioma, carvoarias com trabalho escravo e invasões de terras indígenas. O carregamento destinado aos EUA vem de uma dessas empresas.
Para Adário, a ação feita pela ONG já gerou uma movimentação na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, que deve marcar uma audiência pública em breve para debater a produção de ferro-gusa nos dois estados.
“O governo tem sido incapaz de resolver a ilegalidade na Amazônia, que tem porões escuros que escondem trabalho escravo, invasão de terras indígenas, além de conflitos agrários com características da idade média”, disse o diretor do Greenpeace se referindo às mortes registradas na região devido à disputa de terras entre madeireiros e extrativistas.
Fonte: Eduardo Carvalho/ Globo Natureza