MMA é comparado ao futebol no gosto do público brasileiro e mundial

“O MMA nasceu no Brasil e depois se propagou mundialmente”, afirmou o deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE), ao presidir a Audiência Pública da Comissão do Esporte da Câmara que discutiu na quinta-feira (4) os desafios das mulheres na prática das artes marciais no Brasil. O destaque no debate foi o MMA (sigla em inglês para Artes Marciais Mistas), uma das modalidades de luta que mais cresce no interesse do público brasileiro e mundial, chegando ao ponto de se comparar a modalidade ao futebol, que já é disseminado mundialmente.
04/05/2017 19h10

Reynaldo Barbosa Lima

MMA é comparado ao futebol no gosto do público brasileiro e mundial

Jennifer Maia, deputado Fabio Mitidieri, Wallid Farid e Rafael Thomaz Favetti

 “Por isso entendo que o MMA deve ser tratado como um esporte de inclusão. É graças a eventos com o Jungle Fight que muitos atletas do MMA hoje estão se tornando conhecidos mundialmente”, ressaltou Mitidieri, que conduziu o debate pela Subcomissão Especial de Artes Marciais Mistas.

Segundo acentuou, a Subcomissão quer conhecer a realidade do MMA feminino no Brasil, especialmente as condições de segurança dos eventos e de funcionamento das escolinhas para jovens nas periferias. “Queremos criar um regulamento para os eventos e garantir o conforto e a segurança das atletas e do público”, disse o deputado, que também quer garantir espaço aos pequenos eventos da categoria esportiva.

Participaram do debate, além dos deputados Sabino Castelo Branco (PTB-AM) e Herculano Passos (PSD-SP), o presidente do Jungle Fight Championship, Wallid Farid Ismail; o presidente da Comissão Atlética Brasileira de MMA, Rafael Thomaz Favetti; a atleta de MMA Jennifer Maia e, através de vídeo encaminhado à Comissão, as atletas de MMA Bethe Correa e Kalindra Faria.

Wallid Farid Ismail salientou que o MMA já conquistou o público no país, inclusive o feminino, e lembrou que foi ele quem levou o esporte aos Estados Unidos. “Coloquei a luta feminina no Brasil em 2005, e hoje as mulheres são protagonistas nesse esporte”, disse lembrando que a lutadora  Bethe Correa vai fazer a luta principal no dia 17 de junho em Cingapura. Segundo Wallid, Ninguém imaginava que chegaríamos a isso, ou seja, que as mulheres seriam capazes de participar de qualquer esporte, notadamente o MMA.

Rafael Thomaz Favetti disse acreditar que o interesse pelas lutas deverá crescer na medida em que os preconceitos sejam superados, e o mais importante desafio é incluir o MMA masculino e feminino na pirâmide olímpica, da qual não participa por ser um esporte novo.  Para ele é caminho natural de todo esporte navegar para a pirâmide olímpica, uma vez que dentro dessa pirâmide estão as organizações nacionais como federações e confederações.

Favetti elencou preocupações básicas nessa modalidade como organizar campeonatos e seleções. “No MMA não temos isso e isso é uma ruptura no esporte. O MMA está para o universo desportivo assim como o Uber está para o transporte, uma vez que não faz parte do sistema confederativo mundial”, acentuou, destacando que o MMA feminino, apesar de ser organizado por empresas particulares, detém legitimidade quanto a isso, e essa legitimidade está se dando pelo procedimento, caso contrário nunca teríamos o MMA feminino organizado como hoje.

“Todos acham que mulher não sabe lutar, mas provei que sabe e os fiz virarem admiradores. Comigo aprenderam a entender o MMA, e acho que passou um pouco essa fase de preconceito nesse esporte”, disse a lutadora Jennifer Maia, que se tornou campeã invicta do UFC, maior evento mundial da modalidade. Para ela, as mulheres vêm se destacando cada vez mais no Brasil, mas ainda faltam incentivos e patrocínios na modalidade feminina.

Impossibilitadas de comparecer ao evento, as atletas de MMA Kalindra Faria e Bethe Correa enviaram vídeos discorrendo sobre o tema da audiência pública.

No vídeo, Bethe Correa lembrou a discriminação que sofria pelo fato de aderir ao MMA e disse que a audiência em questão é muito importante para que a mulher possa ser o que queira ser:  médica, professora ou lutadora de MMA. É importante legalizar o esporte, principalmente o feminino, que  ainda sofre repressão. Vamos crescer bastante, e esse é o primeiro passo para isso.

Também em vídeo, Kalindra Faria falou sobre as dificuldades de patrocínio, o que leva os atletas brasileiros a se submeterem a eventos mal pagos com o objetivo de chegar a um evento internacional. “Os eventos no Brasil são ruins e pagam pouco, o que não incentiva o atleta. Até hoje em dia é difícil conseguir patrocínio”, concluiu.

 O deputado Sabino Castelo Branco (PTB-AM) lembrou que Wallid Farid Ismail, presidente do Jungle Fight Championship, saiu do Amazonas para fazer sucesso no Brasil com os eventos do Jungle Fight e que foi ele quem abriu essa porta para o MMA. Sabino lembrou que o Amazonas também tem atletas de alto nível, como o Jacaré o José Aldo, que são pessoas humildes do Amazonas e hoje se destacam internacionalmente.

“Se não for o esporte estaremos perdendo nossa juventude para as drogas, disse, alertando que a Câmara dos deputados vai entrar no combate para tornar o MMA masculino e feminino um esporte reconhecido nacional e mundialmente.  Temos que incentivar e criar leis para que as empresas possam incentivar os atletas do MMA e, acima de tudo, incentivar a adesão das mulheres ao esporte que hoje já conta com campeões mundiais.

O deputado Herculano Passos (PSD-SP) ressaltou a importância da inclusão do esporte que afasta da droga e socializa. Para ele, o MMA é hoje um dos maiores esportes do mundo e, em termos de mídia, se iguala ao futebol. Lembrou que, quando prefeito de Itu-SP, destinava 3% do orçamento para o esporte, e esses recursos eram para todas as modalidades desportivas. 

“Deixei de gastar com a saúde para investir no esporte, porque a prática do esporte traz a saúde”, disse, ressaltando que o poder público tem a obrigação de apoiar todas as modalidades esportivas, entre elas o MMA masculino e feminino.

 

Luiz Paulo Pieri com Agência Câmara de Notícias