Marcelo Aro está disposto a sugerir a volta do mata-mata no Campeonato Brasileiro de Futebol
Clarissa Barçante/Assembleia de Minas
Subcomissão Permanente do Futebol, da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados, promove o primeiro seminário para debater o calendário do futebol brasileiro
“Estou disposto a sugerir a volta do mata-mata no Campeonato Brasileiro de Futebol, mas preciso primeiro que me mostrem como fazer isso de maneira viável”, afirmou Marcelo Aro, ao defender que sejam levadas à subcomissão propostas práticas que deem maior atratividade às competições e permitam às centenas de clubes profissionais brasileiros que se mantenham em atividade o ano todo, sem que isso signifique o desgaste excessivo dos atletas com o acúmulo de partidas e a disputa de competições simultâneas. Entre as possibilidades sugeridas pelo parlamentar está inclusive a conciliação entre as duas fórmulas de disputa concorrentes, com a inclusão de um mata-mata para decidir o campeão após as 38 rodadas atuais do Brasileirão.
CBF compara montagem de calendário a quebra-cabeça
O diretor de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Manoel Flores, explicou os desafios na montagem do calendário de competições. “Temos que equilibrar aspectos técnicos, financeiros e políticos complexos, mas a questão técnica é a que mais prevalece. Reconhecemos que este é um momento de virada do futebol brasileiro e já evoluímos muito nos últimos anos, mas estamos abertos a sugestões”, ponderou. É o caso, segundo ele, do aumento gradual do período de pré-temporada, que há alguns anos era de apenas 14 dias e, neste ano, foi de 25 dias, com a meta de atingir 30 dias em breve; e ainda a redução de 23 para 19 datas reservadas à realização dos campeonatos estaduais.
“É um quebra-cabeça em que temos que encaixar ainda as datas-Fifa (para jogos de seleções) e as competições da Conmebol (para jogos de torneios oficiais do continente promovidos pela federação sul-americana). Encaramos os campeonatos estaduais como um instrumento para fomentar o futebol, já que muitos clubes pequenos não conseguem chegar às competições menores. E eles precisam de um número mínimo de datas para serem viáveis. No ano que vem será ainda mais complicado equacionar isso tudo, quando teremos as Olimpíadas, pois já há uma tendência de suspender os jogos durante o evento, e ainda Copa América e um número maior de jogos das Eliminatórias da Copa, das atuais seis para oito partidas”, apontou o executivo da CBF. Sobre as críticas aos jogos às 22 horas das quartas-feiras, Manoel Flores disse que em 2015 serão apenas 27 partidas, ou apenas 7% dos jogos do Brasileirão.
Também participante do debate, o assessor da Presidência do Atlético, Lucas Couto, também fez uma defesa da mudança da fórmula de disputa do Brasileirão. “Tudo na vida precisa de vibração, e o Brasileirão pode até ser um dos mais importantes campeonatos de futebol do mundo, mas ainda falta emoção”, afirmou. Na outra ponta, o presidente da Federação Nacional dos Atletas de Futebol, Rinaldo José Martorelli, recomendou cuidado ao promover mudanças baseadas, segundo ele, em “manifestações apaixonadas”. “Mas se estivermos dispostos a mexer na estrutura do futebol brasileiro, alguém com certeza sempre vai ficar para trás. Como defensor dos interesses dos atletas, sei que eles não vão conseguir melhores condições de trabalho se os clubes também não se fortalecerem”, pontuou.
O presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), Castelar Modesto Guimarães Neto, reforçou as dificuldades na montagem do calendário. “É preciso equilibrar interesses que são em parte antagônicos e em parte convergentes. Em Minas temos conseguido fazer isso e, no último Estadual, usamos apenas 15 das 19 datas oferecidas pela CBF”, destacou. O diretor de competições da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), Marcelo Vianna, não é tão otimista. “Vivemos o momento mais limitado do futebol brasileiro, mas sei também que é difícil equilibrar todos os interesses. Alguns times têm que jogar mais do que os 66 jogos recomendados por ano porque têm compromissos financeiros”, lamentou.
O presidente da Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol, José Mário de Almeida Barros, defendeu a criação de um caderno de exigências com as condições mínimas para que um clube possa ser considerado profissional, o que, segundo, ele excluiria dessa condição pelo menos três quartos dos atuais em funcionamento. “Também considero muito perigosa à volta do mata-mata, já que o esforço de um ano inteiro pode ser jogado fora em um único jogo”, avaliou. Já o vereador de Belo Horizonte Juliano Lopes Lobato (SDD), ex-árbitro de futebol, defendeu a profissionalização da arbitragem no Brasil, enquanto seu colega de Câmara Municipal, o ex-jogador Heleno (PHS), defendeu a realização de jogos somente as quartas e aos domingos.
As próximas etapas do seminário “O Calendário do Futebol Brasileiro” acontecerão ainda em agosto, em Belém (PA), no próximo dia 10; em Goiânia (GO), dia 14; Fortaleza (CE), dia 24; e Porto Alegre (RS), dia 31.
Texto: Ascom/Assembleia de Minas
Edição: Ascom/CESPO