Governo pode criar órgão específico para cuidar do paradesporto
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Emanuel Rego afirmou que a intenção do governo é dar uma "visão maior" para o paradesporto
O representante da Secretaria Nacional do Esporte, Emanuel Rego, afirmou nesta quarta-feira (29), durante audiência pública na Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados, que o Ministério da Cidadania pretende criar um órgão específico para desenvolver políticas públicas para o esporte praticado por aqueles que têm dificuldades físicas naturais e ou adquiridas, o paradesporto.
“Na verdade, é uma intenção. Depois que houve a fusão de vários ministérios dentro do Ministério da Cidadania, a intenção é dar uma visão maior para o paradesporto, através do voluntariado. Então, essa ideia já do ministro Osmar Terra é conduzir para esse campo, porque ele aglutina todas as vertentes, que é a cidadania, a cultura, o desenvolvimento social e o esporte”, disse Emanuel Rego, ex-atleta e medalha de ouro em vôlei de praia nas Olimpíadas de Atenas (2004).
O debate foi proposto pelo deputado Julio Cesar Ribeiro (PRB-DF). “Foi justamente para a gente conhecer as dificuldades, conhecer os problemas enfrentados por eles, e a partir daí a gente sentar, os deputados, o pessoal que faz parte da comissão, e buscar mecanismos que possam ajudar os atletas. Como foi bem dito hoje aqui, existem algumas dificuldades”, disse.
Para o diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro, Alberto Martins, a principal dificuldade tem sido a oportunidade para que as pessoas com deficiência tenham acesso ao esporte:
“Logicamente quando a gente fala acessibilidade, nós estamos falando da capacitação de profissionais para que possa fazer a iniciação no esporte, de instalações esportivas que possam ser acessíveis a esses atletas, e logicamente o apoio para a realização de eventos esportivos, que o evento, na realidade, é o principal chamariz para que as pessoas com deficiência possam se motivar a fazer o esporte”, disse.
Depoimento
A importância do esporte para as pessoas com deficiência ficou evidente no emocionante depoimento da gaúcha Andréa Pontes, que sonhava em ser atleta olímpica de vôlei. Depois de um acidente de carro, Andréa Pontes ficou paraplégica: “É uma mudança, né? Um dia você está caminhando e no outro dia não caminha mais. Então, foi um choque muito grande para mim, e eu fiquei em torno de um ano sem sair de dentro do meu quarto, não era nem de casa, de dentro do quarto, por vergonha, vergonha da cadeira, vergonha do julgamento dos outros...", disse a atleta.
A redescoberta do esporte, agora na canoagem, significou um antes e um depois definitivo na vida de Andréa Pontes: “Acho que vocês do esporte já tiveram essa sensação: ali eu parei e me dei conta que eu estava voltando a viver. Que mesmo na cadeira de rodas eu podia ganhar, eu podia novamente ter aquela sensação da vitória. Então isso foi um momento que mudou a minha vida. De lá eu realizei sonhos que eu nem sabia que eu tinha, representei meu país em diversas competições mundiais. Então o paraesporte me trouxe a vida”.
Os deputados presentes à audiência manifestaram a intenção de apresentar propostas específicas para o esporte praticado por pessoas com deficiência.