Especialistas defendem integração entre esporte, saúde e educação

Cinco diretrizes que podem garantir o acesso universal à prática esportiva foram destacadas na manhã desta quinta-feira (6) por participantes da segunda etapa de debates sobre a proposta do Plano Nacional do Desporto. De acordo com essas premissas, o Brasil poderá se tornar uma potência esportiva de alto rendimento.
07/10/2016 14h56

Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Especialistas defendem integração entre esporte, saúde e educação

Deputado Evandro Roman (ao microfone): parceria com saúde e educação é fundamental

A mesa redonda foi organizada pela Subcomissão Especial do Plano Nacional do Desporto, a pedido dos deputados Evandro Roman (PSD- PR), relator da proposta, e João Derly (Rede-RS). 

Roman explicou que o Plano Nacional do Desporto precisa também da participação das áreas de educação e da saúde. “Precisamos, principalmente, controlar a obesidade infanto-juvenil; associar isso ao plano seria algo fantástico.”

Desenvolvimento integral
Em defesa da união entre o esporte e a saúde, a coordenadora-geral da Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde argumentou que o esporte deve fazer parte de uma ação fundamental para o desenvolvimento integral da criança. “Quando pensamos em algum plano para saúde, não temos como não olhar o esporte, a atividade física. É preciso pontuar a articulação com outros ministérios. Articular um plano de mobilidade urbana para os grandes municípios com auxílio dos ministérios da Saúde, da Defesa e das Cidades.”

O representante da Secretaria Executiva do Ministério do Esporte, Pedro Sotomayor, explicou que, hoje, a prioridade do ministério é a destinação das instalações e materiais do legado olímpico, mas, logo em seguida, está a elaboração do Plano Nacional do Desporto. “É uma ação coordenada junto com a subcomissão. Como nosso objetivo é entregar um documento operacional, que possamos definir diretrizes e metas específicas até atingir os objetivos do plano, nós buscamos a contribuição da Câmara”, declarou.

Formação de profissionais
O professor Miguel de Arruda, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), questionou como será feita a capacitação dos profissionais de educação física responsáveis pela educação das crianças nas escolas. Ele destacou, também, a necessidade de inserir, na formação desses profissionais, o tratamento diferenciado para as pessoas com deficiência.

O secretário de Controle Externo da Educação, Cultura e do Desporto do Tribunal de Contas da União (TCU), Ismar Barbosa Cruz, defendeu a determinação de prazos para o cumprimento das metas estabelecidas no Plano Nacional do Desporto. Segundo ele, a efetividade do acompanhamento pelo TCU da execução das metas depende da definição de prazos.

Financiamento
Professora da Universidade Federal do Ceará, Cássia Damian ressaltou que a escola deve ser a porta de entrada na vivência esportiva, mas é a criança ou o adolescente que decidirá se quer seguir na carreira do atleta de alto rendimento. Contudo, a professora alertou que é preciso buscar recursos para o esporte em empresas privadas que, no Brasil, não investem nessa área.

Segundo o secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Luiz Lima, o financiamento repassado para associações esportivas não é distribuído aos atletas. “Hoje temos 60 confederações relacionadas ao Ministério do Esporte, e a maioria recebe financiamento. Queremos que elas sejam parceiras. Entregamos dinheiro público, da União, e, muitas vezes, não chega ao atleta”, reclamou.

Para ter mais controle da verba repassada à área, o presidente da Fundação de Desporto e Lazer do Mato Grosso do Sul, Marcelo Miranda, declarou que,em primeiro lugar, deve-se garantir uma descentralização dos recursos fornecidos. Depois, é preciso definir as “reais atribuições” da União, dos estados, municípios e das associações na inserção da prática esportiva no Brasil.