Especialistas debatem o processo de despoluição da Baía de Guanabara

As comissões do Esporte e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável promoveram audiência pública para discutir a despoluição da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, onde serão realizadas as competições de vela nas Olimpíadas de 2016.
17/06/2015 19h55

Jordana Ribas

Especialistas debatem o processo de despoluição da Baía de Guanabara

Com a palavra o palestrante Guido Gelli

Participam do debate o coordenador da Cooperação Técnica do Programa de Saneamento do Entorno da Baía de Guanabara da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro, Guido Gelli; a gerente-geral de Sustentabilidade, Acessibilidade e Legado do Comitê Rio 2016, Tânia Braga; o presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), Marcelo Pedroso; e o biólogo Mário Moscatelli.

Segundo o deputado Valadares Filho (PSB-SE), um dos idealizadores da reunião, quando o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar os jogos Olímpicos de 2016, o governo prometeu tratar 80% do esgoto que deságua na baía. No entanto, ressalta o parlamentar, o governo local já admitiu que a meta não será atingida. 

Diante disso, acrescentou Valadares Filho, atletas e federações estrangeiras alertaram para o risco de os competidores contraírem doenças por causa da poluição e para o comprometimento das provas por detritos flutuantes. “A federação inglesa orientou seus atletas a ingerir vitaminas com o objetivo de minimizar os danos da poluição e também a carregar embalagens com enxaguante bucal durante o período de treinamento e competição”, exemplificou.

O presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), Marcelo Pedroso, informou que o campo de prova já foi testado e passará por nova simulação em agosto. O principal desafio, disse Pedroso, é a obra na galeria de esgoto na raia da Marina da Glória, prevista para ser entregue em dezembro; nas outras áreas, conforme o dirigente, o índice de qualidade da água é adequado.

Outra iniciativa que será feita é a remoção do lixo flutuante, complementou Pedroso. “É natural a cobrança. Estamos falando do futuro da cidade, do futuro de nossos filhos, mas a gente consegue perceber que há um conjunto de medidas que vai permitir a despoluição. Temos de entender que a competição não é o fim, mas uma etapa importante para a despoluição da baía”, afirmou.

O coordenador do programa de saneamento da Baía de Guanabara, Guido Gelli, reforçou há pouco a urgência de se concluir as obras da galeria de cintura na Marina da Glória, a fim de impedir o lançamento de esgoto sem tratamento na região. A Marina da Glória é uma das raias da competição de vela das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. 

O biólogo Mário Moscatelli nomeou de “grande latrina” a Baía de Guanabara e apontou o fracasso da gestão do plano de despoluição das águas. “Os rios não têm mais vida, pois se transformaram em valões de esgoto – 75% da baía estão comprometidos”, alertou.

Moscatelli informou que a Estação da Alegria, a maior do programa de despoluição, só funciona parcialmente e os equipamentos estão abandonados. Além disso, para as águas, acrescentou o biólogo, escoa o esgoto do Canal do Cunha, da zona portuária de Niterói e da refinaria de Duque de Caxias. “Isso não é equivoco técnico, é má gestão de recursos públicos”, concluiu.

 

Texto: Agência Câmara

Edição: Jordana Ribas