Debatedores divergem sobre exigência de diploma para mestres em artes marciais

Debatedores divergiram nesta terça-feira (17) sobre a necessidade de os mestres de artes marciais terem formação em educação física. O assunto foi discutido em audiência pública proposta pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e do Esporte da Câmara dos Deputados.
18/05/2016 11h02

Jordana Ribas

Debatedores divergem sobre exigência de diploma para mestres em artes marciais

Palestrantes debatem a regulamentação das atividades marciais

Para o presidente do Conselho Federal de Educação Física (Confef), José Steinhilber, é necessário que a entidade passe a regulamentar as atividades marciais e que os profissionais tenham formação superior para melhor ministrar os ensinamentos.

"Devemos fazer uma junção entre a educação física e os tipos de artes marciais. É necessário que haja uma formação mínima para que possamos garantir que a sociedade seja atendida por um profissional com conhecimentos adequados de educação física", disse.

A opinião de Steinhilber está de acordo com o projeto de lei que regulamenta a profissão de instrutor de artes marciais (PL 6933/10) e com o que cria regras para o ensino e a prática de lutas e artes marciais (PL 7890/10).

Restrição indevida

Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) acredita que as experiências e os conhecimentos dos mestres em artes marciais são de grande importância e não devem ser limitados à formação em ensino superior. "Como é que eu vou enquadrar o que seria um mestre de luta marcial na condição de que deveria ser formado em educação física, como é que eu vou enquadrar estes profissionais que trazem uma filosofia, um estilo de vida?", questionou.

A deputada ainda vê essa atitude como aniquiladora do desenvolvimento das atividades no País, pois muitos dos mestres atuais não possuem nenhuma formação e dificilmente se sujeitariam a isso.

Conselho Federal de Artes Marciais

Outro assunto debatido na audiência foi o projeto de criação do Conselho Federal de Artes Marciais (PL 2889/08) para atender as necessidades específicas que cercam as atividades. O presidente da Liga Nacional de Karatê (LNK), José Carlos dos Santos Oliveira, afirmou ser favorável ao novo conselho, por entender que o Conselho Federal de Educação Física exige obrigações que as academias de artes marciais não conseguem arcar.

"Ninguém quer saber do Confef, em lugar nenhum do Brasil, porque ele fecha as academias, põe o pessoal na parede e, se não regularizar, fecha. As artes marciais precisam ter sua direção certa, o seu próprio destino, o seu próprio conselho, não precisa do Confef. Está na hora de homologar este conselho federal de artes marciais", afirmou Oliveira.

Ele ainda disse que a criação de um conselho específico será importante para regular as academias de acordo com a realidade e as tradições existentes nas artes marciais.

"Alguns alunos saem da nossa associação e abrem academia sem a qualidade necessária. Mas a gente não pode fechar, porque não temos autoridade para isso. É necessário regulamentar a situação", declarou.

A audiência foi solicitada pelo relator das propostas e 2º vice-presidente da CESPO, deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE).


Texto: Agência Câmara Notícias

Edição: ASCOM/CESPO