Comissão do Esporte realiza com internautas debate sobre racismo no futebol

O racismo é crime inafiançável e imprescritível, definido pela Lei 7.716/89 há mais de 20 anos, e a qualquer um é dado o exercício de pedir a prisão em flagrante. A punição prevista pela lei é a pena de reclusão de um a três anos mais multa para quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
15/05/2014 14h05

A Comissão do Esporte está em campanha contra o racismo. Nesta quarta-feira (14/05), o presidente da Comissão, deputado Damião Feliciano (PDT-PB), e três deputados da comissão e um juiz de futebol participaram de um debate interativo com internautas no Laboratório Hacker da Câmara, espaço que tem com o objetivo promover ações para aumentar a transparência legislativa e a participação popular. O debate foi transmitido no Portal e-Democracia (edemocracia.leg.br).

O racismo é crime inafiançável e imprescritível, definido pela Lei 7.716/89 há mais de 20 anos, e a qualquer um é dado o exercício de pedir a prisão em flagrante. A punição prevista pela lei é a pena de reclusão de um a três anos mais multa para quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

O ex-árbitro Márcio Chagas participou do debate. Ele foi vítima de racismo durante uma partida do Campeonato Gaúcho entre Esportivo e Veranópolis. Márcio ouviu da torcida do Esportivo “macaco”, “seu lugar é na selva” e “volte para o circo”. E após sair do estádio, encontrou duas bananas sobre o seu carro, que foi depredado.

O caso foi julgado pela Justiça Desportiva, e o clube foi punido com multa de R$ 30 mil, cinco perdas de campo e a perda de nove pontos, o que resultou no rebaixamento do time para série B.

Segundo Márcio Chagas, a conscientização e ações educativas são o melhor passo, mas a decisão representou uma lição, “tendo em vista que essa equipe teve um tempo hábil de praticamente um mês e meio para identificar essas pessoas, não se prontificou a identificá-las e acarretou uma punição que, no meu entender, foi a mais justa para toda a atrocidade que aconteceu naquele dia.”

O deputado Danrlei de Deus Hinterholz (PSD-RS), que foi goleiro por 16 anos, defende o fim das torcidas organizadas e afirma que a internet é uma ferramenta fundamental para combater o preconceito. Ele acredita que as câmeras instaladas nos estádios sejam um legado positivo para identificar os torcedores racistas. Danrlei lamenta que o Brasil não esteja no estágio tecnológico para identificar os racistas, mas esse deve ser um dos legados da Copa.

“Por quê? Porque nós teremos e temos câmeras dentro dos estádios, na frente dos estádios. Isso vai facilitar com que nós possamos encontrar essas pessoas que se aproveitam da multidão pra praticar o racismo”, observa. “Não adianta nós punirmos apenas os clubes, apenas o público. Nós temos, sim, é que encontrar essas pessoas porque, se não, elas vão continuar escondidas atrás da multidão.”