Comissão debate a preparação das delegações de levantamento de peso e judô para os Jogos Rio 2016

O presidente da Confederação Brasileira de Levantamento de Peso (CBLP), Enrique Montero, e o gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Ney Wilson, participaram de audiência pública na Comissão do Esporte nesta quinta-feira (10) para detalhar a preparação das modalidades para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.
10/09/2015 18h50

Jordana Ribas

Comissão debate a preparação das delegações de levantamento de peso e judô para os Jogos Rio 2016

Composição da mesa: Ney Wilson (E), o deputado João Derly (C) e Enrique Montero.

O encontro faz parte de um ciclo de audiências com representantes das confederações na Câmara dos Deputados. A iniciativa é do deputado João Derly (PCdoB/RS). A próxima será em 17 de setembro, com as confederações de vela, remo e taekwondo.

Responsável pela seleção brasileira de judô, Ney Wilson destacou o fato de o Brasil ter 14 vagas asseguradas para o Rio 2016 (número máximo no judô olímpico) e falou sobre os desafios da CBJ para o ano que vem. “Trabalhamos para ter atletas entre os oito melhores do ranking mundial, para que eles sejam cabeça de chave no sorteio dos Jogos Olímpicos”, explicou o dirigente.

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Ney Wilson: Trabalhamos para ter atletas entre os oito melhores do ranking mundial, para que eles sejam cabeça de chave no sorteio dos Jogos Olímpicos

A tendência é de que os melhores atletas de acordo com o ranking da Federação Internacional de Judô (IJF) sejam os escolhidos para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos. Mas Wilson não descartou a possibilidade de a CBJ utilizar outros critérios para definir os selecionados, como no caso de Sarah Menezes e Nathália Brigida, que brigam pela vaga na categoria até 48 kg.

“Gostaria de ter esse problema em todas as categorias. Sempre tiramos proveito desta competitividade. Digo hoje que as chances maiores são da Sarah, mas o que vai determinar é a performance até maio do ano que vem. A tendência é seguir o ranking”, disse Wilson. Na última atualização do ranking, a atual campeã olímpica Sarah Menezes aparece à frente de Nathália na lista por quase 300 pontos.


O dirigente reconheceu ainda que o desempenho do Brasil no Campeonato Mundial de judô ficou abaixo do esperado, mas ressaltou o trabalho como um todo. Wilson mostrou um quadro que coloca o Brasil como o terceiro melhor país em termos de resultados no cenário internacional de 2012 para cá. Foram 463 medalhas no período, sendo 139 de ouro, 127 de prata e 197 de bronze, atrás de Rússia e Japão.

“Não dá para apagar tudo e avaliar só o Mundial. Sem dúvida estivemos longe do potencial da nossa equipe, o resultado foi aquém. Todos os fatores estão sendo analisados pela comissão técnica”, observou.

Orçamento e concentração
Em 2015, a CBJ contou com um orçamento de mais de R$ 5,8 milhões para a seleção brasileira, sendo a maior parte (38%) captada pelo Plano Brasil Medalhas. A Lei Agnelo Piva contribuiu com outros 21% e a Lei de Incentivo ao Esporte com mais 12%. Segundo Ney Wilson, o gasto médio anual com cada atleta da seleção é de R$ 145 mil. São 864 horas no tatame, 240 na preparação física e outras 132 de fisioterapia, com 42 profissionais envolvidos diretamente nas atividades.

Em relação à concentração e hospedagem, o judô vai repetir a fórmula utilizada nos Jogos de Londres 2012, ficando em uma cidade nas proximidades da sede. A delegação brasileira não ficará na Vila dos Atletas. A casa dos judocas em 2016 será em Mangaratiba, a 110 km do Rio. “Tivemos uma experiência positiva em Londres. Já testamos as instalações antes do Pan. Os atletas ficaram lá por 10 dias e fizeram observações para ajustes”, contou o dirigente.

Levantamento de peso sonha com medalha inédita
Com cinco vagas asseguradas para o Rio 2016, o levantamento de peso brasileiro quer aproveitar os Jogos Olímpicos em casa para subir de patamar e conquistar um lugar no pódio pela primeira vez na história da competição. Para isso, a CBLP aposta em três atletas: Fernando Reis, Mateus Gregório e Jaqueline Ferreira.

O presidente da CBLP, Enrique Montero, exaltou o melhor resultado da modalidade na última edição dos Jogos Pan-Americanos, em Toronto — um ouro, uma prata e dois bronzes — e o fato de o Brasil ter sido o 16º país no ranking de participações em eventos internacionais em 2014, entre 147 nações.

Para 2016, a maior esperança do país é Fernando Reis. Atual bicampeão e recordista pan-americano, o brasileiro domina a modalidade na categoria acima de 105kg e tem a quinta melhor marca internacional. “O objetivo é uma medalha no Rio. Não será fácil, mas é possível. No Pan ele levantou um total de 427kg. Para o pódio nos Jogos Olímpicos, ele vai precisar de algo entre 449kg e 451kg, um aumento possível”, explicou Montero.

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Enrique Montero: O objetivo é uma medalha no Rio. Não será fácil, mas é possível.
No ciclo do Rio 2016, o presidente da confederação disse que não pôde trabalhar com jovens promessas por falta de tempo. Para o futuro, no entanto, ele já começa a ver surgirem nomes fortes para a modalidade. “Demora de oito a 10 anos para ter um atleta novo”, disse. Segundo ele, a aposta é no projeto social desenvolvido no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (Cefan), no Rio de Janeiro.

“É um apoio inédito para a base e já tivemos resultado. Aline Ferreira foi campeã mundial juvenil em abril, em Lima, e é oriunda do Cefan. Tivemos mais duas atletas com conquistas inéditas. Nunca tínhamos conseguido um pódio e no fim foram seis medalhas”, lembrou o presidente da CBLP, citando o ouro, a prata e os quatro bronzes conquistados no Mundial juvenil.

Texto: Ascom/Min. do Esporte

Edição: Ascom/CESPO