Audiência pública debate o uso da tecnologia e atração de investimento no setor desportivo
Ao presidir a reunião, o deputado Júlio Cesar ressaltou que a indústria do esporte é um segmento que vem ganhando destaque no cenário mundial e está avançando a passos largos no que diz respeito a inovação dos serviços e produtos esportivos. “Com o passar dos anos, novos métodos, acessórios e objetos passaram a ser desenvolvidos e implementados na rotina de treinos dos esportistas com o intuito de proporcionar comodidade e explorar o que há de melhor em diversas modalidades. Nesse sentido, o uso da tecnologia tem sido uma aliada nas práticas esportivas”, pontuou o parlamentar.
“Quem acompanha grandes competições, muitas vezes não imagina a tecnologia por trás de cada equipamento utilizado em diversas modalidades e o quanto ela evoluiu ao longo do tempo ”, acrescentou o republicano, destacando o uso de câmeras personalizadas, instaladas no fundo das piscinas de natação; a chegada dos árbitros de vídeo no futebol; e a instalação das bolas chipadas - o que ele considera revoluções tecnológicas que proporcionam resultados mais assertivos tanto para árbitros quanto para os esportistas.
O ministro de Estado da Cidadania, João Roma, foi o primeiro convidado a fazer a exposição. Ele afirmou que mais de 1.083 infraestruturas esportivas já foram finalizadas e entregues pelo governo federal. “A infraestrutura esportiva tem avançado bastante. Temos hoje quase 3 mil contratos ativos, algo que vai além de R$ 2 bilhões em repasses do governo para a área de infraestrutura”, apontou.
Para Roma, a tecnologia deve ser incentivada para potencializar o esporte como ferramenta de transformação social, “ferramenta que busca cada vez mais uma sociedade saudável, que possa sim trilhar caminhos virtuosos, de engajamento, para incluir cada vez mais os diversos brasileiros para possibilitar que eles superem seus limites”, declarou o ministro.
Maurício Fernandez, presidente da ABRIESP, afirmou que a discussão sobre o setor produtivo esportivo, promovida pela Comissão do Esporte, permite a expansão das fronteiras da indústria esportiva, que segundo ele, é uma das que mais impacta a economia brasileira. ”É um setor que exporta. É um setor que emprega. É um setor que paga impostos”, alegou, destacando que o setor prevê ainda um crescimento de 5% ao ano, até 2025. Fernandez ainda anunciou a primeira edição do Congresso Internacional de Capacitação de Gestores do Esporte - CICGE, que será sediado em Brasília, em 2022.
A primeira mesa temática da audiência tratou sobre as inovações e oportunidades no setor desportivo. Ricardo Silva, Conselheiro Diretor de Novos Negócios da Associação Latino-americana dos Gestores de Instalações Esportivas, falou por videoconferência e apresentou o trabalho desenvolvido por fintechs - startups que trabalham para inovar e otimizar serviços - e que apresentam crescimento cada vez maior, tanto no Brasil quanto no exterior, com o conceito de economia criativa. “O objetivo é abrir as portas para as grandes mentes e para as soluções inovadoras que o Brasil tem”, garantiu Silva.
José Mário Fonseca, Cônsul do Brasil em Munique, defendeu que o Brasil deve participar de grandes eventos, como a ISPO Academy, pois, se “organizado” ( o setor esportivo brasileiro), tem grandes oportunidades de promover a nossa capacidade de prestar serviços e fabricar produtos ao mercado internacional. “Isso, naturalmente, gerará maiores empregos, maiores dividendos para o setor brasileiro, divisas para a nossa economia”, considerou Fonseca.
Com o tema “atração de investimento no esporte", a segunda mesa temática contou com a exposição do Secretário Nacional de Esportes de Alto Rendimento, Bruno Bezerra de Menezes Souza e da Secretária Nacional de atração de investimentos do Ministério do Turismo, Débora Moraes da Cunha Gonçalves. Ambos destacaram a inclusão de barcos à vela na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul (LETEC). A medida, anunciada pelo governo federal na última semana, assegura a isenção de tributos federais para a importação de veleiros, utilizados por esportistas e empreendedores do turismo como atrativo econômico. “Isso vai fomentar e muito a modalidade esportiva. No Brasil, nosso recorde de medalhas é na Vela, que também é um atrativo turistico”, afirmou Débora Gonçalves.
Para a secretária, o esporte e o turismo estão interligados e, juntos, geram grandes oportunidades de investimentos no pós pandemia. “É o que todo mundo está procurando hoje. Um turismo de natureza, um turismo aberto, o turismo em águas, como a pesca esportiva e o mergulho a recifes”, afirmou, colocando a pasta à disposição para alavancar os investimentos no setor. Por videoconferência, Claudine Bichara de Oliveira, gerente de Geração de Receitas da Embratur, classificou a captação de investimento para o esporte e turismo como absolutamente vital.
Roberto Paranhos, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Índia, reforçou que os investimentos nos esportes, além de promoverem saúde e integração social em todas as esferas, também representam a imagem da própria nação. “Isso não só traz sucesso para as pessoas como reflete o sucesso de um país”, frisou Paranhos, ao destacar o esforço da Índia para encontrar talentos e investir na capacitação de atletas e impulsionar a cadeia produtiva esportiva.
A terceira mesa, sobre o setor público, terceiro setor e empreendedorismo, contou com a exposição do representante da Associação Brasileira de Secretários Municipais, Humberto Panzetti. Ele refletiu sobre os impactos da pandemia provocada pelo novo coronavírus no setor desportivo e sobre a importância da prática de exercícios físicos como atividade essencial para a promoção da saúde pública e retomada da economia. “São 33 mil academias movimentando, dando emprego, desenvolvendo a qualidade de vida e a saúde. Enquanto se trata atividade física e esporte (apenas) como discurso de desenvolver saúde mas, na prática, não se coloca como atividade essencial, isso causa um dano bastante grande".
Panzetti ressaltou, por fim, a necessidade de investimentos em equipamentos de materiais esportivos, aplicação de orçamento em políticas públicas voltadas ao setor esportivo e a contratação de recursos humanos. Otimista, ele finalizou a sua fala classificando a pandemia como um divisor de águas nos termos de gestão pública, especialmente no esporte.
Também participaram da audiência pública a Presidente do Fórum de Gestores Estaduais de Esporte, Mariana Dantas, o representante da Campus Party, Francesco Farruggia, e o Diretor da Confederação Nacional de Serviços, Dacio Pretoni.
A Audiência Pública foi transmitida pelo portal e-democracia e os vídeos estão disponíveis para consulta na página eletrônica da Cespo, através do link:
https://www.camara.leg.br/evento-legislativo/63885