APO defende Baía de Guanabara e descarta outro local para provas de vela da Rio 2016

O presidente em exercício da Autoridade Pública Olímpica (APO), Marcelo Pedroso, reafirmou nesta quarta-feira (2) que a Baía de Guanabara estará em condições adequadas para as provas de vela dos Jogos Olímpicos de 2016 e que a instituição não trabalha com outro local de competição. A declaração foi feita em audiência pública da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados.
03/09/2015 10h50

Jordana Ribas

APO defende Baía de Guanabara e descarta outro local para provas de vela da Rio 2016

Marcelo Pedroso: a Baía de Guanabara estará em condições adequadas para as provas de vela dos Jogos Olímpicos de 2016

Durante o debate, o dirigente admitiu que o "tema é complexo", no entanto salientou que o programa de despoluição da baía está avançado. “Por referência internacional, a qualidade da água nas raias de competição permite contato primário ou secundário [do atleta], ou seja, tanto o contato eventual com a água quanto o mergulho”, disse. “A obra de contenção do esgoto na Marina da Glória será entregue em dezembro para garantir qualidade da água lá e na Praia de Botafogo”, acrescentou.

Incidente com windsurfista
Marcelo Pedroso minimizou uma possível relação entre a poluição das águas e o incidente com o windsurfista sul-coreano, Wonwoo Cho, que passou mal durante o evento-teste na baía na semana passada. "Tivemos 380 atletas participando da competição e é de se estranhar que, em nível de risco tão elevado, apenas um atleta tenha apresentado sintoma dessa natureza”, ponderou.

Na visão do secretário da Casa Civil do Rio de Janeiro, Leonardo Espíndola, também não faz sentido atribuir o mal-estar à qualidade das águas. “Antes da competição, foi franqueado às próprias equipes testar a água das raias”, disse. “Alguns testaram, e não houve resultado divergente dos índices de qualidade recomendados para o contato secundário – sem interação íntima com a água – necessário para o esporte de vela”, complementou.

Já o médico infectologista Marcos Boulos não descarta a poluição como causa do ocorrido com o sul-coreano. Ele explicou que a toxina funciona como um veneno no organismo e é expelida por meio de vômito (uma das reações do windsurfista). “Quando você está expelindo [a toxina], tem dor de cabeça, mas, quando põe a toxina para fora, parece que está curado, o que permitiu que o atleta competisse no dia seguinte e com bom aproveitamento."

Na opinião do deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE), um dos que solicitaram a audiência, as suspeitas de intoxicação precisam ser esclarecidas para que os erros sejam corrigidos a tempo. “Aqui é uma comissão fiscalizadora também e o nosso intuito é fazer com que o colegiado participe sempre das discussões que envolvam a Baía de Guanabara e as Olimpíadas”, ressaltou.

Raias de competição
Leonardo Espíndola reconheceu que os índices de qualidade da água no ponto de saída dos barcos ainda estão aquém do esperado. Segundo ele, a área é hoje tratada bioremediação, que será desnecessária após a conclusão das galerias de esgoto da Marina da Glória. “Teremos em 2016 as seis raias de competição – três que ficam dentro da Baía de Guanabara e três que estão fora – sem nenhum risco para os atletas”, assegurou o secretário.

Para Marcos Boulos, é positivo o fato de as raias estarem afastadas dos afluentes da baía. "Fiquei mais tranquilo depois de ouvir que as competições de remo não vão mais ocorrer próximas à praia, onde tem a foz do rio, e sim vão acontecer em alto mar. Nesses locais, provavelmente o risco de infecções é muito pequena.” O infectologista lembrou que as chances de contrair conjutivite e otite aumentam na beira da praia.

O diretor médico do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, João Grangeiro, por sua vez, reforçou a preocupação da equipe em atuar de forma proativa no evento. Ele fez diagnóstico positivo do atendimento médico durante os eventos-testes: dos 380 velejadores participantes,15 receberam atendimento no local e 2 foram atendidos no hospital. “Os números não nos dão tranquilidade, mas fornecem uma perspectiva de trabalho”, comentou.

Texto: Agência Câmara Notícias