“A atual repressão às brigas nos estádios é uma situação que gera mais violência”, diz especialista em audiência pública na CESPO

A violência dentro e ao redor dos estádios foi o tema da audiência pública promovida na última quarta-feira (29) na Comissão do Esporte. Para o autor que propôs o debate, o deputado João Derly, a violência envolvendo torcidas de futebol é um problema recorrente em várias partes do mundo e uma chaga aberta no futebol brasileiro.
30/04/2015 11h50

Jordana Ribas

“A atual repressão às brigas nos estádios é uma situação que gera mais violência”, diz especialista em audiência pública na CESPO

Palestrantes e autor do requerimento que propôs o debate: André Silva Azevedo, Ailton Alfredo de Souza, dep. João Derly e Marco Aurélio Klein (da esq. para a dir.).

De acordo com o secretário nacional da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem do Ministério do Esporte, Marco Aurélio Klein, a situação atual de repressão é uma situação que gera mais violência. “O país que resolveu essa situação resolveu com organização, fundamentalmente, que foram os ingleses”, cita o secretário.

Klein cita que a Copa do Mundo no Brasil é a prova de que a organização faz um evento funcionar – "aquilo que chamei genericamente de protocolos operacionais, ou seja, o que fazer diante de cada situação, de todas as situações possíveis”, disse.

O juiz de direito na comarca da cidade do Recife, Ailton Alfredo de Souza, defende que a repressão pela repressão, seu uso exacerbado ou o direito penal levado ao extremo, em nenhuma circunstância resolve alguma coisa nem tampouco o fenômeno da violência nos estádios.

Para o presidente da Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg), André Silva Azevedo, todos acabam pagando a conta da falência do futebol: “a gente vê os estádios vazios, e o ranking para que isso aconteça é a violência nos estádios, e não se abre reflexão para outros aspectos, como a falta de transporte público e ingressos caros”. Ele afirma que as autoridades, ao marginalizar a torcida, não ajudam em nada na solução do problema da violência.

De acordo com dados do Ministério do Esporte, a média de ocupação das cadeiras nos estádios brasileiros é de 35%. Na Alemanha e na Inglaterra, por exemplo, a média é de 96%.

João Derly defende que esse debate deve ser recorrente na Comissão. “Devemos buscar soluções para esse problema, juntos com todas as esferas do Estado brasileiro”, disse o deputado.