1°Fórum Legislativo do Esporte: esporte tradicional e eletrônico podem ser mecanismos auxiliares da educação

Os esportes eletrônicos podem ser aliados na promoção da atividade física escolar e inclusiva. Esse foi o tema do debate da mesa especial coordenada pelo deputado Ícaro de Valmir (PL/SE) que encerrou no último dia 30/11 o Primeiro Fórum Legislativo do Esporte.
01/12/2023 16h50

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

1°Fórum Legislativo do Esporte: esporte tradicional e eletrônico podem ser mecanismos auxiliares da educação

1º Fórum Legislativo do Esporte. Dep. Prof. Paulo Fernando (REPUBLICANOS - DF) Dep. Icaro de Valmir (PL - SE) Dep. Luiz Lima (PL-RJ)

Os debatedores discutiram as formas em que os estudantes e atletas podem se beneficiar do alinhamento do esporte eletrônico com a educação, seja ela de base ou universitária. Inclusive, atualmente os jogos eletrônicos fazem parte da Base Nacional Curricular Comum (BNCC).

 

Educação pelo E-sport

Entre os efeitos positivos dessa união entre esporte, educação e E-sport, está a inclusão dos estudantes que não possuem aptidão para jogos tradicionais. Para Irã Cândido, presidente da Federação Alagoana de Esportes Colegiais, os jogos são mais um recurso que desenvolve tanto a independência quanto a autonomia dos alunos.

 

Os professores, em especial os de educação física, têm papel fundamental em ajudar os alunos a praticar o esporte eletrônico, pois os jogos são capazes de ajudar os jovens a  desenvolver o aprendizado não só de linguagens, mas também da coordenação motora fina. É o que diz Nelson Leme, conselheiro regional de educação física de São Paulo. 

 

Porém para que essa interação multidisciplinar seja bem sucedida, na opinião do conselheiro federal de educação física Roberto Jerônimo, as políticas de suporte, manutenção de equipamentos e acompanhamento dos estudantes precisam estar em bom funcionamento, se não o avanço é muito pequeno.

 

Do ponto de vista universitário, o gerente de marketing da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU) Pedro Pontes afirmou que o E-sport é capaz de reduzir barreiras geográficas principalmente no âmbito das competições, que podem ocorrer online. Além disso, ele cita o programa de bolsas do CBDU que permite que atletas do E-sport tenham acesso à educação superior. 

 

O programa atualmente contempla seis jogos diferentes (Free Fire, Valorant, League of Legends, Clash Royale, Counter Strike: GO e futebol eletrônico), mas que está nos planos da entidade incluir mais jogos, o que significaria mais bolsas, e consequentemente mais talentos brasileiros despontando no mundo dos E-sports.

 

“Se o esporte é pilar da educação e esporte eletrônico é esporte, então o esporte eletrônico também é pilar da educação”, disse o presidente da Comissão, deputado Luiz Lima (PL/RJ). Ele também comentou que assim como os esportes tradicionais, o E-sport exige uma preparação semelhante ao dos esportes tradicionais, o que inclui rotina de treinos, acompanhamento psicológico, alimentação e tratamento de lesões.

 

Próxima fase

Alguns desafios históricos parecem já ter sido superados. Para Lyanna Virgínia de Miranda, do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), só o fato do tema estar sendo debatido na Comissão significa que o desporto eletrônico é de fato esporte, pois está de acordo com as definições previstas na Lei Geral do Esporte: promove a formação e excelência esportiva e esporte para toda vida. 

 

O grande foco agora é compreender academicamente os impactos que a relação com educação e sociedade terão no futuro, além de como os games podem ser utilizados para combater o sedentarismo, associado ao excesso de tempo de tela, como citam Cacilda do Amaral, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Gestão do Esporte (ABRAGESP) e Davi Teixeira, diretor de games da Secretaria de Esporte e Lazer do Distrito Federal.

 

“É importante fazer com que todo mundo entenda que mente e corpo são um só”, disse o deputado Coronel Chrisóstomo (PSL/RO), líder da frente parlamentar dos games. Ele é autor do PL 1324/2021, que estabelece o uso de jogos eletrônicos como prática pedagógica na educação básica brasileira.

 

O presidente da Associação Brasileira de Fantasy Sports (ABFS), Rafael Marcondes, compartilhou dados de que 64% dos que se consideram gamers (jogando 7 horas ou mais por semana) também praticam atividades físicas. Já Matheus Brazão, head coach da Dragon Forge E-sports, reiterou que não só a atividade física é indispensável aos atletas, como o estudo constante de cada alteração que as modalidades recebem.

 

O 1° Fórum Legislativo do Esporte obteve 160 inscrições de participação, das quais a maioria prestigiou de forma presencial. O evento que ocorreu nos dias 29 e 30 de novembro contou com transmissão ao vivo, e as gravações das mesas podem ser acessadas no canal do youtube da Câmara dos Deputados e pela página da Comissão.