Especialistas pedem mudanças na legislação para aumentar proteção de crianças e adolescentes contra jogos na internet
Quem hoje se assusta com os “jogos do desmaio”, propagados pela internet, talvez não saiba que a prática é bastante antiga entre adolescentes. Mas com a internet, ganharam uma dimensão ainda difícil de calcular. Fabiana Vasconcelos é psicóloga e mostrou dados assustadores: alguns vídeos que propagam os jogos de desmaio chegam a ter até seis milhões de visualizações no Youtube. Em 2010, ela explica, havia em torno de 500 vídeos dessas “brincadeiras” do desmaio no Youtube. Hoje, são mais de 14.300.
Desafios dessa natureza atualmente aparecem com nomes diversos na rede mundial de computadores: desafio do desodorante, da canela em pó, da camisinha, do Superbonder (que consiste em colar boca e narinas simultaneamente para evitar a respiração). São práticas que podem levar a sequelas como aneurisma, cegueira temporária ou permanente, paraplegia e até morte cerebral. Dois minutos de falta de oxigenação já acarretam danos ao cérebro.
A presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Evelyn Eisenstein, afirma que a SBP está muito preocupada com esse contexto que envolve o uso da internet por crianças e adolescentes. E foi categórica ao afirmar que estamos diante de “uma sociedade patologizante, doentia e que está lucrando com o traumas de crianças e adolescentes”. Ela tem recebido no consultório cada vez mais pacientes com transtorno de sono, transtornos de atenção, problemas de higiene pessoal e uma série de outros sintomas provocados pelo mau uso da internet. Os pais chegam sempre muito assustados e sem saber o que fazer. Ela afirma que é preciso aumentar a proteção social e familiar a crianças e adolescentes.
Rony Vainzof, coordenador do MBA (Mestre em Administração de Negócios) em Direito Eletrônico da Escola Paulista de Direito, afirma que são necessários ajustes na legislação para melhor proteger os jovens. E é enfático ao afirmar que o Marco Civil da Internet, apesar de ser uma legislação muito boa, acabou por afrouxar determinados controles e deixou numa “zona de conforto” pessoas que induzem a práticas perniciosas na internet.
Veja como foi a audiência pública que debateu formas para combater a incitação à prática de trote ou outra conduta perniciosa na internet
Convidados:
DEMÉTRIO JEREISSATI/Presidente do Instituto DimiCuida
RONY VAINZOF/ Coordenador do MBA (Mestre em Administração de Negócios) em Direito Eletrônico da Escola Paulista de Direito (EPD) e Diretor do Departamento de Segurança da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP)
FABIANA VASCONCELOS/ Psicóloga e membro do Comitê Científico e do Comitê de Educação do Instituto DimiCuida - apresentação
CAIO CESAR CARVALHO LIMA/ Membro Fundador do Instituto de Direito da Tecnologia da Informação (IDTI)
EVELYN EISENSTEIN/Doutora e Representante da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) - apresentação