Seminário Internacional Cidades Inteligentes, Cidades do Futuro
O espaço do automóvel nas cidades, o agravamento dos congestionamentos, acidentes de trânsito, a segurança dos ciclistas, reciclagem de lixo, despoluição das águas, proteção das áreas verdes, planejamento urbano e construções sustentáveis foram os principais temas abordados no Seminário Internacional de quinta-feira (06/06).
A Diretora do Departamento de Regulação e Gestão da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Isabel Sales, abriu o seminário ressaltando como o uso dos automóveis particulares nas cidades brasileiras é um dos maiores problemas para a mobilidade urbana.
Angela Amim, Ex-Deputada Federal e professora Doutoranda no Programa de Pós-Graduação de Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, foi a segunda palestrante. A Ex-Deputada acrescentou que é preciso reeducar o cidadão, para que nós possamos avançar. “É preciso melhorar o transporte público e reeducar a população para que essa mobilidade se torne inteligente”, acrescentou Angela Amim.
O uso do transporte público além de melhorar o trânsito e diminuir a poluição gasta menos energia. Renato Boareto, Coordenador de Mobilidade Urbana do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), trouxe análises do ponto de vista ambiental. “A cidade inteligente é a que se preocupa com a fluidez do transporte público, pois além de poluir menos, diminui os engarrafamentos”, concluiu o Coordenador.
A frota brasileira vem aumentando muito devido aos incentivos fiscais praticados pelo Governo. De acordo com o Coordenador do IEMA esse não é o planejamento correto. O Brasil já está entre os cinco maiores mercados de veículos leves do mundo. “Quanto mais carros, maior o número de acidentes, maior a poluição emitida e maior é o número de carros nos congestionamentos”, finalizou Renato.
Bairros Inteligentes
A segunda parte do Seminário foi marcada pela presença de vários especialistas estrangeiros. Esses especialistas defendem o planejamento de bairros estruturados onde seja possível ir ao trabalho, voltar para casa e sair para se divertir em um raio de poucos quilômetros.
Professor Eduardo Moreira da Costa, Diretor Geral do ÁgoraLab, iniciou sua palestra falando exatamente sobre o deslocamento que fazemos na maioria das cidades brasileiras para ir ao trabalho e voltar para casa. Para o Diretor do ÁgoraLab, o único modo de corrigir esse problema, é transformar todos os bairros em bairros inteligentes. Onde seja possível morar, trabalhar e se divertir no mesmo local.
O Professor Dr. Kent Larson, Diretor do Changing Places, MIT Lab, EUA, frisou que estamos chegando ao limite da capacidade viária, e acrescentou também que não é sustentável criar mais vias. A alternativa apresentada pelo Dr. Kent são as vizinhanças de alta densidade mistas. Que é basicamente a mesma ideia apresentada pelo Diretor Eduardo. Onde cultura, lazer, trabalho e moradia estejam muito próximos.
A ideia de divisão de veículos como bicicletas ou veículos de três rodas, também foi apresentada pelo Dr. Kent, porém foi aprofundada pelo Dr. Praveen Subramani do MIT Media Lab, EUA, que apresentou novos conceitos de veículos. Como um carro para duas pessoas, que ocupa metade do espaço de um carro normal, e ainda diminui na hora de estacionar.
Contudo, o Dr. Praveen também lembrou que a melhor solução é aproximar as áreas de moradia e trabalho, e aprimorar o transporte público. Pois mesmo dividindo carros menores, o tráfego ainda seria um problema.
Já o Professor Dr. Jarmo Suominen, deu o exemplo da cidade de Tóquio, onde foram construídos vários empreendimentos em cima das estações de metrô como, restaurantes, campos de futebol e até casas. Assim a estação de metrô se torna uma cidade por si só, trazendo muitos benefícios.
Finalizando o Seminário, o Professor Dr. Álvaro de Oliveira, do Conselho do ÁgoraLab em Portugal, reiterou que devemos mudar nosso comportamento em relação à mobilidade urbana. “A tecnologia ajuda muito nessa mudança, mas a verdadeira mudança tem que vir de cada um”, conclui o Dr. Álvaro.