Sacolas Plásticas e os 3 R´s que fazem a diferença

Reduzir, reciclar, reutilizar - os chamados três "erres" da sustentabilidade serviram de base para que três Institutos presentes na audiência pública de hoje, na Comissão de Desenvolvimento Urbano, apresentassem seus argumentos favoráveis ao uso das sacolas plásticas. Mesmo na contramão do que grande parte dos presentes defendeu o representante do Ministério do Meio Ambiente enfatizou: "Independente do ponto de vista de cada um, veemência é diferente de intransigência e, portanto, vamos continuar alertando a sociedade", disse Aldenir Chaves Paraguassu, da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental.
28/03/2012 17h10

Luiz Alves / Agencia Câmara

Sacolas Plásticas e os 3 R´s que fazem a diferença

Professor Haroldo de Mattos: segundo ele, o descarte inadequado é o grande vilão.

Na mesma linha do Secretário do MMA, o Vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados, a ABRAS, Márcio Milan, argumentou: “De 2007 a 2009 houve uma redução de 30 por cento no descarte de sacolas plásticas”, afirmou. Segundo ele, isso só foi possível graças ao trabalho de conscientização feito por campanhas como a do MMA, “Saco é um saco”. Mas o representante da ABRAS também reconheceu que ainda faltam números reais capazes de diagnosticar os reais malefícios dos sacos plásticos. “Só conseguimos do Ministério uma nota técnica recomendando a redução e desde então é nisso que estamos focando”, justificou. Para Haroldo Mattos de Lemos, professor de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da UFRJ, é justamente esse cenário obscuro que está impedindo que haja uma medida eficaz e que contemple a realidade na questão das sacolas plásticas, segundo ele, "muito distantes de condenar o uso do material".  Para Mattos, "estamos trabalhando no achismo, as pesquisas indicam que algumas sacolas retornáveis como a de algodão é muito menos insustentável que o plástico, o alvo está errado, ao invés de banir as sacolas podemos reutilizar”, afirmou. O Presidente do Instituto Plastivida, Miguel Bahiense, reforçou os argumentos com uma pesquisa do Plastivida: “Nos três estudos apresentados a gente pode conferir que a sacola plástica tem melhor desempenho ambiental quando é trabalhada a reutilização e reciclagem”. Bahiense defendeu a regulação da fabricação dessas sacolas que segundo ele, não obedecem às normas da ABNT. O Presidente do Plastivida também apresentou uma dado alarmante. Segundo elea solução das caixas de papelão além de proporcionarem um problema sanitário do mau acondicionamento do lixo e oferecer um desconforto para quem precisa carregar suas compras sem carro, é extremamente anti-higiênico. “Aponta o estudo: nas caixas de papelão usadas podemos encontrar 8 vezes mais bactérias; 12 vezes mais fungos, coliformes totais em 80%, coliforme fecais em 62% e E.Coli em 56 por cento”.  

Danielle Gomes da OnG ECOVIDA demonstrou uma série de matérias e dados que demonstram como o aproveitamento dos resíduos sólidos ainda engatinha no Brasil “sententa e cinco por cento das recicladoras estão ociosas, falta isenção tributária e políticas de incentivo da coleta seletiva, o problema está mesmo nas sacolas plásticas?”. Para ela o problema das sacolas é social. Ela mostrou uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que aponta: o Brasil reciclasse todos os resíduos que são encaminhados aos lixões e aterros, o país poderia economizar R$ 8 bilhões ao ano. “São 8 bilhões jogados no lixo todos os anos!”.

Na audiência, o Presidente do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, Reginaldo Araújo Sena, fez uma denúncia: “Estamos entrando com uma ação contra o Extra, Carrefour e Wall Mart que estão vendendo sacolas importadas da China feitas com material contaminado e impróprias para carregarem alimentos sem informar o consumidor”.  Sena foi categórico: “Nós consumidores temos direito a embalagem gratuita e higienizada, é uma questão de dignidade humana”. Segundo ele, todas as pesquisas em que o consumidor aprova o fim das sacolas plásticas foram elaboradas em bairros de classe média e alta. “O cidadão que ganha de 600 a 1.400 reais representa 70 por cento da população e para ele, arcar com esse custo, faz a diferença”!