Pesquisadores culpam “cultura do carro” por problemas de mobilidade

04/10/2017 17h20

Will Shutter / Câmara dos Deputados

Pesquisadores culpam “cultura do carro” por problemas de mobilidade

Fórum Interativo de Desenvolvimento Urbano para discutir desafios e soluções para a mobilidade no Brasil

A Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU), promoveu nesta quarta-feira (04), debate sobre possíveis soluções para os problemas de mobilidade nas cidades brasileiras. O crescimento no número de carros, a precariedade dos transportes públicos e os prejuízos para a sociedade foram algumas das questões em pauta. O tema foi discutido no 4º Fórum Interativo da CDU, uma iniciativa da comissão em parceria com o Conselho de Arquitetura e urbanismo do Brasil (CAU/BR).

O presidente da CDU, deputado Givaldo Vieira (PT-ES), que coordenou a atividade, defendeu a democratização da mobilidade urbana em discurso introdutório antes da explanação dos especialistas convidados. “Nossas avenidas estão tomadas pelos automóveis, carros de passeio, incorporados à nossa cultura. O povo brasileiro foi educado assim, tendo carro como um bem de valor, capaz de dar a ele um status. Mas nossas cidades estão inviabilizadas por essa política do carro”, argumentou.

O arquiteto e urbanista o arquiteto e urbanista Nazareno Stanislau, diretor nacional do Instituto Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT), afirmou que o Brasil fez uma opção pelo automóvel. “E o que vejo hoje é um pensamento no sentido de como vamos salvar os automóveis para as pessoas continuarem usando. É impossível”, alegou.

Guilherme Fonseca Cardoso, que participou da audiência pela internet, chamou a atenção dos deputados para a importância da valorização do pedestre, que na visão dele fica em segundo plano na lógica da mobilidade. “A mobilidade a pé é um dos modais mais utilizados nas viagens diárias. Por que a legislação não é clara sobre a competência, padronização e conservação das calçadas? Municípios transferem ao particular a conservação e não fiscalizam. Além disso, não há um modelo padrão de calçada”, afirmou.

Para o professor e coordenador do Centro Interdisciplinar de Estudos em Transportes (Ceftru), Pastor Willy Gonzales, os aplicativos de transporte, como Uber, Cabify e 99pop, também representam avanços com relação ao modo de se pensar a mobilidade nas cidades. “Regulamentar esses aplicativos é uma oportunidade para se criar uma modalidade pública desse tipo de transporte. Por que não incluir o serviço público no projeto que regulamenta aplicativos como o Uber?”, questionou.

A íntegra da gravação do Fórum Interativo sobre Mobilidade no Brasil está disponível em: https://edemocracia.camara.leg.br/audiencias/sala/434

Link para as apresentações realizadas no evento: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdu/seminarios-e-outros-eventos/o-forum-interativo-de-desenvolvimento-urbano


Com informações da assessoria do CAU/BR