No Paraná, urbanitários e lideranças priorizam saneamento com controle da sociedade
Sensibilizar e envolver os moradores do Paraná sobre a importância da gantia do saneamento básico com qualidade e controle social. Esse foi o objetivo do seminário realizado em Maringá (PR), na última sexta-feira (06), o quarto realizado pela Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) para debater este tema nas regiões brasileiras. Durante a atividade, foi repercutida a possibilidade de privatização da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), que contou com um representante à mesa, e seus impactos na prestação de serviços para a população.
Coordenador do evento, o deputado Enio Verri (PT-PR), membro da CDU, destacou que o seminário cumpre o objetivo de estimular que a sociedade discuta sbre os prós e contras do saneamento público e do privado. “O que acontece no Brasil e no mundo é que o saneamento, na ótica do capital, é uma mina de dinheiro. A privatização visa a procura de lucros, já o saneamento público, privilegia a universalização do serviço”, afirmou Verri, que é economista por formação, ao comparar a perspectiva do saneamento no capitalismo com uma anedota de um livro que retrata o imperialismo.
De acordo com o engenheiro Alinor Rodrigues Júnior, da Sanepar, é preciso mudar o paradigma de que o problema do saneamento é do Governo do Estado. “O problema é de toda a sociedade. Cada um tem de assumir a sua importância como agente verdadeiro de transformação. Estamos numa região privilegiada pela disponibilidade de água e garantimos 100% de atendimento de abastecimento de água em Maringá”, disse Rodrigues Júnior. Ele também garantiu que, “por enquanto, no Brasil, a água não é cobrada, e que a Sanepar não vende água, mas sim presta serviço de tratamento e abastecimento de água, saneamento e resíduo sólido”.
Para o assessor da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) Edson Aparecido da Silva, a universalização dos serviços de saneamento básico não combina com a versão mercadológica. A informação foi corroborada, durante o seminário, por lideranças religiosas presentes, que salientaram o direcionamento do Papa Francisco, da Igreja Católica, de que há uma tarefa muito grande de sensibilizar a população mundial de que água e saneamento são direitos fundamentais, e que estes devem permanecer com controle da sociedade.
A primeira mesa do evento foi formada pelo Edson Aparecido; pela professora do departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Susicley Jati; pelo deputado estadual Tadeu Veneri e pelo representante da Sanepar, o engenheiro Alinor Rodrigues Júnior. O tema apresentado pela primeira mesa foi “Os desafios da universalização do acesso ao saneamento básico”.
Já a segunda mesa, foi formada para discutir a “Atuação social na defesa da água e saneamento como direito humano”. Os palestrantes foram a presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas empresas de água, esgoto e saneamento de Maringá e região noroeste do Paraná (Sindaen), Vera Lucia Nogueira; o representante da Aras Cáritas, Walter Fernandes; o secretário de saneamento da FNU, Fábio Giori, e o representante da Central Única dos Trabalhadores, Márcio Kieller.
O seminário Universalização do Saneamento Básico com Qualidade e Controle Social é fruto deu uma parceria entre a CDU e a FNU. Em Maringá, foi realizado na Paróquia Santo Antônio. A atividade já ocorreu também em Belém (PR), Aracaju (SE), Teresina (PI) e terá sua primeira edição no Sudeste no próximo dia 20, na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, em Vitória (ES).
FAMA 2018
Na oportunidade também foi lançado o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA) naquele estado. O Fórum será realizado em março do próximo ano, em Brasília. Durante o Fama, será realizada uma série de atividades de mobilização e conscientização, com o objetivo de tratar o tema na perspectiva da água como um direito e não mercadoria.