Capixabas se unem em defesa da água e saneamento público
A Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) realizou, na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, em Vitória, na última sexta-feira (20), o seminário regional “Universalização do saneamento básico com qualidade e controle social”. O evento reuniu mais de vinte entidades no Plenário Dirceu Cardoso com objetivo de discutir o uso e a preservação da água, os prós e contras da privatização da mesma e também lançar o Comitê Estadual do Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama).
O encontro foi presidido pelo deputado Givaldo Vieira (PT-ES). De acordo com o parlamentar, cerca de mil das mais de 5 mil cidades brasileiras estiveram ou estão em regime de contenção de fornecimento de água por conta da grave crise hídrica que enfrenta o País. O evento também contou com a participação do deputado estadual Doutor Hércules (PMDB) e dos deputados federais Helder Salomão (PT-ES) e Raimundo Angelim (PT-AC), membro da CDU.
Givaldo Vieira demonstrou preocupação com a possível privatização das empresas de saneamento do País. “Privatizar água no Brasil é uma ação contra a pátria. Eles querem entregar tudo para a iniciativa privada e para o capital estrangeiro”, afirmou. O parlamentar explicou que isso está na contramão do que vem sendo feito mundo a fora, onde governos que privatizaram o setor estão retomando o controle.
Saneamento no Brasil
Segundo o assessor de saneamento da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) Edson Aparecido da Silva 83% dos brasileiros têm acesso à água e somente metade da população tem o esgoto coletado. Silva explicou que somente 40% desse esgoto recebe tratamento, ou seja, os outros 60% são despejados diretamente em nossos rios e córregos.
“É preciso incluir na nossa agenda a luta para que o Brasil adeque sua legislação de forma a garantir o reconhecimento da água e do saneamento como um direito humano fundamental, conforme resolução das Organizações das Nações Unidas (ONU), em assembleia realizada em 2010”, afirmou o assessor.
O secretário nacional da FNU, Fábio Giori, cobrou que mais eventos como esse sejam realizados no País, pois esse problema não se resolve da noite para o dia. “Precisamos envolver cada vez mais atores nesse processo de recuperação e preservação da água”, afirmou.
Tragédia do Rio Doce
A militante do Movimento dos Atingidos por Barragens Márcia Lima de Almeida fez um balanço sobre a situação da água do Rio Doce dois anos após o rompimento da barragem ocorrido em Mariana (MG), em novembro de 2015. “As análises da água detectaram chumbo, selênio e alumínio em grandes quantidades”, afirmou.
“Os efeitos da contaminação por metal pesado são sentidos a médio e longo prazo, podendo causar inclusive mal de Parkinson e de Alzheimer”, alertou Márcia de Almeida. A militante falou sobre os prejuízos para os mais variados setores, como pesca, abastecimento de água potável, saneamento, aquicultura, dentre outros.
Márcia criticou também a burocracia para que os atingidos tenham o amparo legal garantido a eles. “Passados quase dois anos do crime ainda cabe aos atingidos provarem que foram prejudicados para terem direito a indenização, isso nos causa desconforto e revolta” finalizou.
Com informações de Assembleia Legislativa do Espírito Santo