Zona Franca é modelo para ser discutido no Sínodo da Amazônia

Parlamentares do Amazonas defenderam, nesta quarta-feira (11), na Câmara dos Deputados, o modelo da Zona da Franca de Manaus como um exemplo de convergência entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade a ser debatido no Sínodo da Amazônia, que será realizado em outubro no Vaticano e presidido pelo Papa Francisco.
12/09/2019 14h30

 

O debate sobre as relações entre a ZFM e o Sínodo ocorreu durante audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (Cdeics) da Casa.  Para o presidente da comissão, Bosco Saraiva, a unificação do debate contribui para informar a população brasileira sobre a importância da ZFM para manter a floresta em pé.

 

“A Amazônia desperta interesse internacional, mas também é motivo de fantasias. Falta informação e conhecimento sobre a Amazônia, por isso, precisamos realizar debates sobre novas iniciativas para a região com mais diversidade de ideias. A Igreja realiza um enorme trabalho pela região ao pautar o tema de forma global, ao passo que realiza a sua jornada sinodal com a preocupação de ouvir as populações locais”, ressalta o parlamentar.

 

Representando a Igreja, o coordenador Nacional de Articulação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam/Brasil), Leon Patrick Afonso de Souza, apresentou a trajetória de eventos para a preparação do Sínodo da Amazônia junto a povos e comunidades da região, mas também lembrou que a iniciativa somente foi possível diante do compromisso do Papa Francisco para com a Amazônia e as pessoas que vivem nela.

 

“A Igreja seguirá firme na defesa dos direitos humanos e dos direitos da natureza. O Sínodo não é um apenas um pontapé inicial, nem tampouco o ponto de chegada. É um marco na caminhada e um tempo de oportunidades, não apenas para a Igreja, mas para os governos, movimentos sociais e para toda a sociedade”, explicou.

 

Debate

 

O vereador da Câmara Municipal de Manaus, Elias Emmanuel, reforçou a importância da discussão do tema por parte da Igreja, num momento em que a comunidade política internacional pressiona o governo brasileiro por políticas eficientes para que o desenvolvimento econômico da região também signifique preservação ambiental.

 

“A Igreja não descobriu a Amazônia agora e está claro que a instituição não tem a intenção de debater a soberania do Brasil em relação a esse território. A Amazônia é patrimônio dos brasileiros a serviço da humanidade. O Sínodo redireciona a ação evangelizadora da Igreja”, ressaltou.

 

O deputado estadual Serafim Corrêa apresentou dados que revelam que o desmatamento da Amazônia não avança junto à fronteira do Amazonas, único estado do Brasil a manter 98% da sua floresta em pé. “O motivo é a Zona Franca de Manaus, que gera empregos no Amazonas e em vários outros estados, como São Paulo”, explicou.

 

Para o pesquisador Alexandre Rivas, da Universidade Federal do Amazonas, é preciso desfazer mitos sobre a região se houver interesse na formulação de políticas públicas que compreendam a complexidade da região. “Amazônia não é um Jardim Botânico. Para nós, não é intocável, já que a conservação precisa ser concebida na relação com os seres humanos. É preciso um olhar para as pessoas na Amazônia’.

 

A proposta apresentada pelo reitor da Universidade Federal do Amazonas, Sylvio Mário Puga Ferreira, é criar o ECOPIM, um modelo de selo ecológico a ser aplicado ao Polo Industrial de Manaus (PIM). “A ideia é certificar as empresas que se preocupam com a preservação da Amazônia. Para isso, as empresas teriam de preencher requisitos dentro de políticas públicas nas áreas ambiental, desenvolvimento regional, social e de educação”.

 

Reportagem:

 

Michele Portella

Assessoria de Imprensa - CDEICS