Professor questiona política de câmbio adotada pelo Governo

O Brasil pretende seguir o modelo de câmbio chinês ou o alemão? Com a pergunta deixada no ar, o economista e professor da Universidade de Brasília, Roberto Ellery Junior, procurou indagar qual o caminho que a economia brasileira pretende seguir a partir do modelo de câmbio adotado. Na apresentação que fez para o “Ciclo de Palestras – A Hora do Debate CDEIC”, ele defendeu o modelo de câmbio valorizado aplicado na Alemanha, onde os salários são altos e os ganhos de produtividade da economia são obtidos através da eficiência econômica.
18/09/2013 19h10

Para o professor da Universidade de Brasília, Roberto Ellery Junior, a participação industrial no PIB brasileiro está em queda desde 1985, é anterior ao Plano Real. A questão com que os governos desde então se defrontam é se o câmbio deve ser estabelecido de forma a proteger a indústria ou deve ser instrumento a ser aplicado no combate à inflação. O professor disse se preocupar com a política do governo dos últimos três anos que procura combater a inflação e controlar a demanda. O professor entende que dentro dos ajustes para manter a estabilidade da moeda a industrialização foi sacrificada e o mesmo pode acontecer com o crescimento da economia ao longo dos próximos anos.
"Espero que o Governo brasileiro tenha se convencido de que adotou o caminho errado. Não estimula o crescimento, não estimula a indústria e não combate a inflação como deveria."
Ellery Junior lembrou que a relação direta entre crescimento e inflação, como afirmam alguns economistas, não existe. "Trata-se de um mito", disse.
O professor da UnB comparou os sistemas de câmbio da Alemanha e da China. No sistema alemão, o câmbio é valorizado, os salários são altos, e os ganhos de produtividade da economia são determinados pela eficiência dos agentes econômicos. No modelo chinês, o câmbio é desvalorizado e os ganhos da economia são derivados da exportação de produtos elaborados a partir de baixos salários.
Ellery defende a adoção do modelo alemão pelo país. E diz que esse modelo também pode contemplar a inclusão social.
O presidente da CDEIC, deputado Angelo Agnolin, destacou que esforços devem ser direcionados para ganhos de competitividade. "Para alcançarmos posição de destaque na economia mundial devemos evoluir nossa capacidade de inovar", avaliou.