Parlamentares manifestam compromisso de regular o Marketing Multinível

Vários parlamentares manifestaram nesta quarta-feira, em audiência pública, o compromisso de adotar no país uma legislação específica para regular a prática do chamado marketing multinível. Uma legislação que estabeleça os limites do empreendimento e que defenda a economia popular de práticas fraudulentas que utilizam vendas diretas como disfarce para recrutar a adesão de pessoas sustentadoras do esquema.
21/08/2013 20h20

Marketing Multimidia

Audiência Pública tema:  Marketing Multinível

Centenas dos chamados “divulgadores” do marketing multinível de todo o país estiveram presentes ou se manifestaram de forma virtual durante a audiência pública realizada na Câmara em conjunto por três comissões (CDEIC, CDC e CCTCI), nesta quarta-feira (21/8).  Inquietos, eles buscavam do Parlamento brasileiro obter solução para o recente bloqueio das operações de algumas dessas empresas determinado pela Justiça. Conseguiram abrir o debate sobre o tema e a promessa de aprofundamento das discussões pelos parlamentares. “Essa reunião é fundamental para tirar esse tema da escuridão e construir a legalidade do setor”, disse o deputado Renan Filho (PMDB-AL).

A empresa Embrasystem – Tecnologia em Sistemas, Importação e Exportação, detentora da marca  BBom e seus sócios tiveram as contas bloqueadas pela Justiça Federal de Goiás por suspeita de prática de “pirâmide” financeira, prática proibida no Brasil. Pela mesma suspeita, a Justiça do Acre suspendeu pagamentos e adesão de novos contratos à empresa de marketing multinível TelexFree (nome fantasia de Ympactus Comercial Ltda). As duas empresas estiveram representadas na audiência.

CDEIC - Marketing MultinívelVárias são as empresas que operam no sistema de venda direta ao consumidor no país, disse Lucilene Prado, diretora-presidente da Associação brasileira de Empresas de Vendas Diretas. Algumas delas Muitas delas já consolidadas na opinião pública (Natura, Tupperware), complementou. O marketing multinível é modalidade de venda direta em que o investidor compra no atacado, forma estoque e revende ou repassa produtos a novos investidores.

“Somos microempreendedores individuais”, disse João Francisco de Paulo, presidente da BBom. Ele informou que a empresa e seus sócios negociam rastreadores de veículos, fato que a Justiça coloca em dúvida na ação cautelar, já que o produto não é autorizado pela Agência Nacional de Telecomunicações. 

“Pagamos impostos”, afirmou Carlos Costa, da TelexFree, buscando associar o pagamento de tributos à legalidade da atividade. Argumento este contestado pelo procurador do Ministério Público Federal, Bruno Ferreira. O procurador afirmou que muitas empresas criminosas utilizam fachadas lícitas e que o Código Tributário Nacional não faz distinção entre empresas legais e ilegais na esfera tributária. “Marketing multinível busca a venda de produtos. A busca de novos investidores é pirâmide, estelionato que faz vítimas e vai ruir”, definiu. Para coibir crimes do tipo, Bruno Ferreira propôs às comissões elevar a pena de quem estimula a formação de “pirâmides” na Lei de Crimes Financeiros.

“O sistema de marketing multinível é alternativa ao sistema tradicional de distribuição, que envolve vendas próprias e vendas de outros distribuidores que se integram ao sistema por convite de (outro) distribuidor”, afirmou Ricardo Faria, da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.  O sistema opera com redução de custos tradicionais, como o de publicidade, informou. Já a “pirâmide” financeira é fraude que pode estar associada a esse sistema. “O marketing multinível é sustentável e a pirâmide insustentável”, definiu. O técnico da Fazenda também apresentou modelos matemáticos que indicam que os ganhos do sistema de “pirâmide” logo se esgotam.

Ao longo de todo o debate, o deputado Silvio Costa (PTB-PE) foi quem mais questionou os empreendedores presentes. Sem se convencer das razões e números apresentados pelos expoentes do setor de marketing multinível sugeriu a criação de uma CPI para aprofundar os questionamentos.