Indústrias de calçados, fumo, borracha e couro contrariam tendência ao desemprego e têm alta em 2016
A maior parte desse contingente de desempregados trabalhava na indústria da transformação, que contabilizou quase 700 mil desempregados. Os setores de construção civil e comércio tiveram cada um, no período, redução de mais de 400 mil empregos e o de serviços, outros 320 mil.
“O desemprego está disseminado por quase todo o território nacional. Não se concentra em uma região específica”, afirmou Mário Magalhães, especialista em políticas públicas do Ministério do Trabalho. O estado de São Paulo, em números absolutos, é o estado com mais desempregados.
Magalhães disse que o combate ao desemprego será realizado pelos ministérios que gerenciam a economia brasileira. Mas ressaltou que o Ministério do Trabalho, para atenuar os efeitos da crise, estuda ampliar o número de parcelas do seguro-desemprego.
As estatísticas do Ministério apontaram também que caiu drasticamente o número de empregadores em 2016. Caiu também de forma significativa o número de empregados com carteira e sem carteira assinada.
Flávio Castelo Branco, gerente executivo da CNI, disse que a queda de empregos na indústria acontece desde 2013.
Para o gerente da entidade, a queda da massa salarial e a do índice de confiança no futuro provocaram redução no consumo do comércio em 4%. “Uma queda significativa e que preocupa”, afirmou.
Douglas Ferreira, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, destacou a evolução do setor de comércio no PIB brasileiro.
Também do MDIC, Marcos Prates lamentou o recuo da posição brasileira no PIB mundial. Ele destacou a necessidade de o país ser mais eficiente e produtivo para voltar ao crescimento de longo prazo.
O deputado Mauro Pereira (PMDB/RS) destacou um fato que classificou de “extrema importância”, o das dívidas em atraso das empresas. Citando dados publicados na imprensa, o parlamentar disse que o valor total dessa dívida é de R$ 105,6 bilhões. Empresas do setor de serviços são as que mais devem (45%), seguido pelas de comércio (42%) e da indústria (8,9%). As empresas da região Sudeste são as maiores devedoras, representando 51% do total. Para Mauro Pereira, a equipe econômica deve “ajudar essas empresas, renegociar dívidas de imediato”.
Autor do requerimento que permitiu a realização da audiência pública que debateu o impacto econômico do desemprego no comércio e na indústria, o deputado Adail Carneiro (PP/CE) afirmou que “os números apresentados permitem dizer que o país começa a superar o momento mais crítico da recessão”.