Indústrias de calçados, fumo, borracha e couro contrariam tendência ao desemprego e têm alta em 2016

Setores industriais de exportação como calçados e fumo apresentaram aumento do emprego no início deste ano e contrariam o aumento drástico do desemprego no país, informou o representante do Ministério do Trabalho em audiência pública realizada pela CDEICS nesta terça-feira, 14 de junho. Apesar dos números positivos nesses setores industriais, e também no setor agrícola, o Ministério do Trabalho contabiliza mais de 1,9 milhão de brasileiros desempregados no período de um ano e quatro meses.
14/06/2016 19h49

Câmara dos Deputados

Indústrias de calçados, fumo, borracha e couro contrariam tendência ao desemprego e têm alta em 2016

Deputado Adail Carneiro (PP/CE) liderou os trabalhos de audiência pública

A maior parte desse contingente de desempregados trabalhava na indústria da transformação, que contabilizou quase 700 mil desempregados. Os setores de construção civil e comércio tiveram cada um, no período, redução de mais de 400 mil empregos e o de serviços, outros 320 mil.

“O desemprego está disseminado por quase todo o território nacional. Não se concentra em uma região específica”, afirmou Mário Magalhães, especialista em políticas públicas do Ministério do Trabalho. O estado de São Paulo, em números absolutos, é o estado com mais desempregados.

Magalhães disse que o combate ao desemprego será realizado pelos ministérios que gerenciam a economia brasileira. Mas ressaltou que o Ministério do Trabalho, para atenuar os efeitos da crise, estuda ampliar o número de parcelas do seguro-desemprego.

As estatísticas do Ministério apontaram também que caiu drasticamente o número de empregadores em 2016. Caiu também de forma significativa o número de empregados com carteira e sem carteira assinada.

Flávio Castelo Branco, gerente executivo da CNI, disse que a queda de empregos na indústria acontece desde 2013.

Para o gerente da entidade, a queda da massa salarial e a do índice de confiança no futuro provocaram redução no consumo do comércio em 4%. “Uma queda significativa e que preocupa”, afirmou.

Douglas Ferreira, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, destacou a evolução do setor de comércio no PIB brasileiro.

  Também do MDIC, Marcos Prates lamentou o recuo da posição brasileira no PIB mundial. Ele destacou a necessidade de o país ser mais eficiente e produtivo para voltar ao crescimento de longo prazo.

O deputado Mauro Pereira (PMDB/RS) destacou um fato que classificou de “extrema importância”, o das dívidas em atraso das empresas. Citando dados publicados na imprensa, o parlamentar disse que o valor total dessa dívida é de R$ 105,6 bilhões. Empresas do setor de serviços são as que mais devem (45%), seguido pelas de comércio (42%) e da indústria (8,9%). As empresas da região Sudeste são as maiores devedoras, representando 51% do total. Para Mauro Pereira, a equipe econômica deve “ajudar essas empresas, renegociar dívidas de imediato”.

Autor do requerimento que permitiu a realização da  audiência pública que debateu o impacto  econômico do desemprego no comércio e na indústria, o deputado Adail Carneiro (PP/CE) afirmou que  “os números apresentados permitem dizer que o país começa a superar o momento mais crítico da recessão”.