Debatedores divergem sobre desafios de crescimento econômico nacional

O seminário reuniu especialistas em economia ligados a pré-candidatos à presidência da República.
31/03/2014 14h35

Alexandra Martins / Câmara dos Deputados

Debatedores divergem sobre desafios de crescimento econômico nacional

Sardenberg (C): a nota do Brasil caiu porque o parâmetro do próprio governo não foi alcançado.

Especialistas em economia ligados a pré-candidatos à presidência da República não entraram em acordo nesta quarta-feira (26) sobre o cenário atual e os desafios para o crescimento nacional durante seminário para discutir o panorama da economia brasileira.

O debate foi promovido pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio e pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O coordenador-geral de Análise Macroeconômica da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Denísio Liberato, apresentou indicadores positivos para mostrar que os investimentos do governo têm dado resultado na economia. Entre os dados ele citou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2,3% em 2013, maior que outras economias emergentes como México (1,1%) e Rússia (1,3%). “Dado o contexto internacional, o desempenho de 2013 foi muito positivo”, afirmou.

Já o presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela – ligado ao PSDB –, Luiz Paulo Vellozo, falou que as instituições brasileiras perderam a credibilidade e fazem o Brasil deixar de atrair investidores internacionais. “Esse é o maior problema da economia, a desvalorização e perda de confiança e credibilidade. Isso começa com a palavra das autoridades, anúncios que viraram uma sequência de desmentidos”. Ele citou a diminuição de 70% do valor de mercado da Petrobras, como reflexo do problema.

Rebaixamento
Nesta segunda-feira (24), a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) rebaixou de crédito soberano do Brasil para o menor grau de investimento antes de cair como possível especulador.

Hoje, foi a vez de 13 instituições financeiras brasileiras, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de bancos privados como Bradesco e Itaú Unibanco, também terem a nota reduzida pela agência.

“A nota do Brasil caiu porque o parâmetro do próprio governo não foi alcançado”, disse o jornalista econômico Carlos Alberto Sardenberg ao citar entrevista da presidente Dilma Rousseff no início do mandato em que se comprometia a alcançar juros reais de 2%, inflação de 4,5% e crescimento econômico de 5%. Atualmente, os juros reais chegam por volta de 4,5%, a inflação de 5,9% e o crescimento em 2,3%.

“Independente da avaliação de agência A, B ou C, o governo está comprometido de entregar um [superavit] primário de 1,9% do PIB e continuar com a política de geração de emprego, renda, consistência macroeconômica”, defendeu Denísio, em resposta à redução da classificação do Brasil.

Competitividade

Para o deputado Ângelo Agnolin (PDT-TO), que coordenou o painel, a necessidade de melhoria da competitividade industrial foi um dos temas mais tratados no debate. “Estamos ainda amparados pelas commodities, que não é o melhor caminho para um país que quer ser desenvolvido”, disse.

Sardenberg também criticou a falta de competitividade e ganho de produtividade da economia brasileira. “A nossa competitividade é baixa por causa do custo dos salários, da defasagem em tecnologia e do baixo nível de capital, de infraestrutura.”

Na opinião do economista e assessor do Psol, Rodrigo Ávila, o alto custo da dívida pública brasileira – que comprometeu 40,3% do orçamento executado em 2013 - é o principal desafio da economia brasileira. “É impossível analisar a economia sem analisar a dívida pública. É um tema tabu, porque a própria discussão já gera um medo, os mercados ficam nervosos”. Ele defendeu uma auditoria da dívida para analisar as origens do débito e ver o que deveria ser pago.

Burocracia
Pela manhã, o evento teve a presença dos ministros do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges; e da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos. Eles avaliaram problemas conjunturais da economia e possíveis soluções, com ênfase na burocracia, nos entraves ao empreendedorismo e no custo da produção do País.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Regina Céli Assumpção


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