Carvão e indústria naval abrem novo horizonte para a Região Carbonífera

O retorno do carvão mineral aos leilões de energia e a implantação do Polo Naval do Rio Jacuí abrem um novo leque de oportunidades para a Região Carbonífera, uma das mais pobres do Rio Grande do Sul. As ações necessárias para alavancar o desenvolvimento da região, integrando a extração do carvão e a produção metal-mecânica e a eletro-eletrônica para a indústria oceânica, foram tema do seminário “Alternativas para o Desenvolvimento da Região Carbonífera do Rio Grande do Sul – Carvão Mineral e Polo Naval”, promovido em conjunto pela Comissão de Desenvolvimento, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados (CDEIC), Comissão de Economia da Assembleia Legislativa, Frente Parlamentar em Defesa do Carvão Gaúcho e Frente Parlamentar Mista em Defesa do Carvão Mineral. O encontro, que ocorreu na sexta-feira (3) na Assembleia Legislativa, reuniu prefeitos, vereadores, sindicalistas e representantes de entidades ligadas às indústrias metalúrgicas, de pesquisa na área energética e de extração do carvão. O seminário foi proposto pelo deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) e pelos deputados federais Ronaldo Zulke (PT/RS) e Afonso Hamm (PP/RS).
07/05/2013 18h50

Marcos Eifler | Agência ALRS

Carvão e indústria naval abrem novo horizonte para a Região Carbonífera

Seminário: Desenvolvimento da Região Carbonífera

O retorno do carvão aos leilões em agosto, depois de quatro anos fora, deverá gerar investimentos no Rio Grande do Sul na ordem de R$ 10 bilhões. Estão previstas a construção de, pelo menos, quatro usinas termelétricas abastecidas por carvão. Na abertura do seminário, o diretor de Geração das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobras), Valter Luiz Cardeal de Souza, confirmou a publicação no Diário Oficial da União da Portaria 137, que confirmou o retorno do carvão aos leilões A-5. “Agora, é preciso assegurar que o carvão gaúcho chegue competitivo à disputa, marcada para 29 de agosto. Em seguida, vamos recomeçar a luta para que o carvão esteja nos leilões de 2014. Além de gerar empregos e revitalizar a economia da Região Carbonífera, o uso do carvão irá diversificar nossa matriz energética e contribuir para manter recursos do Estado, que hoje gasta cerca de R$ 150 milhões por mês na compra de energia. É o caminho para a autossuficiência”, comemorou Zulke.

Tradicionalmente, o carvão é utilizado no Brasil como combustível para geração de energia e produção de coque, ferro-gusa e aço. O vice-governador Beto Grill ventilou, no entanto, a possibilidade de uso do minério na carboquímica também. “São muitas as perspectivas. Precisamos pensar grande e, além de viabilizar as possibilidades existentes, inovar. A carboquímica é tão importante como a petroquímica, se constituindo numa nova alternativa que não pode ser descartada”, frisou.

O Brasil possui uma das maiores reservas de carvão mineral do mundo. E o Rio Grande do Sul concentra 90% destas reservas, que totalizam a 28,5 bilhões de toneladas. Desregulamentada no início dos anos 90, a extração do carvão carrega o estigma de ser nocivo ao meio ambiente. Má fama que a Frente Parlamentar em Defesa do Carvão Gaúcho pretende alterar. “Temos um tesouro sob os pés e uma fantástica alternativa de diversificação da matriz energética. As novas tecnologias estão aí para reduzir os danos ambientais. Hoje, a exploração do carvão, a partir das novas tecnologias e da regulamentação das compensações ambientais, tem todas as condições para ser sustentável”, frisou o coordenador da frente, Valdeci Oliveira (PT).

 

Indústria oceânica

 

Hoje, o Rio Grande do Sul ocupa a primeira posição na carteira brasileira de encomendas de equipamentos para a indústria naval com contratos que chegam a R$ 9,7 bilhões. Além disso, é o terceiro estado brasileiro na geração de empregos na indústria naval, com 10.500 postos de trabalho. A implantação de dois novos polos navais – Jacuí e Guaíba – além do Polo de Rio Grande, e a exploração do pré-sal, deverá gerar um novo ciclo de desenvolvimento no estado. “Devemos nos preparar para um novo boom de desenvolvimento, como já ocorreu no município de Rio Grande. Só a Região Carbonífera já conta com investimentos voltados ao atendimento da indústria oceânica de R$ 1 bilhão”, frisou o presidente da Comissão de Economia, Daniel Bordignon (PT).

O coordenador do Comitê de Competitividade em Petróleo, Gás, Naval e Offshore da Fiergs, Marcus Coester, considera que a região possui diferenciais positivos para alavancar o novo arranjo produtivo em implantação. Citou a proximidade de Porto Alegre e a disponibilidade de hidrovias e de mão-de-obra. “O esforço dos governos deve ser o de trazer fornecedores de componentes da indústria naval para o Polo de Jacuí, para manter elevado o nível de emprego na região”, apontou.

A qualificação profissional, segundo ele, é um dos desafios a ser transposto. O tema pautou a última mesa de debates do seminário, reunindo representantes da Eletrobras, do Pacto Gaúcho pela Educação Profissionalizante, Técnica e Tecnológica e das empresas MPX Energia, Copelmi Mineração Ltda e Tractbel Energia.

O Pacto Gaúcho pela Educação é uma iniciativa do governo gaúcho para acelerar a qualificação de mão-de-obra a partir de demandas do setor produtivo. Segundo a gerente executiva do Pacto, Maria Inês Utizig Zulke, o Executivo prioriza as ações de formação a partir dos investimentos e da política industrial em curso no Rio Grande do Sul. Já foram realizados cursos para a construção civil, polo naval e indústria oceânica, cadeia produtiva do carnaval, gastronomia, serviço público e setor de energia.