Direitos Humanos

Debatedores pedem ações efetivas contra o racismo no futebol

A campanha "Fim de jogo para o racismo" foi lançada pela Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados nesta quarta, às 16 horas, no hall da taquigrafia.

14/05/2014 - 14:48   •   Atualizado em 14/05/2014 - 18:36

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Mesa redonda interativa para debater sobre a campanha “Fim de jogo para o racismo”, que tem o objetivo de acabar com as práticas de racismo que atualmente têm sido marcante nas partidas de futebol, dentro e fora dos estádios. Mesa (E/D): dep. Afonso Hamm (PP-RS), dep. Damião Feliciano (PDT-PB), árbitro de futebol, Márcio Chagas, dep. Danrlei de Deus (PSD-RS) e dep. Paulo Pimenta (PT-RS)
Deputados e um juiz de futebol conversaram com internautas sobre racismo, por meio de página da Câmara dos Deputados.

A Comissão do Esporte está em campanha contra o racismo. Nesta quarta-feira (14), quatro deputados da comissão e um juiz de futebol participaram de um debate interativo com internautas no Laboratório Hacker da Câmara, espaço que tem com o objetivo promover ações para aumentar a transparência legislativa e a participação popular. O debate foi transmitido na página edemocracia.camara.gov.br

Para os participantes do debate, são necessárias ações efetivas para combater o racismo no futebol. Segundo o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), a punição aos torcedores é um caminho eficiente.

O racismo é crime inafiançável e imprescritível, definido pela Lei 7.716/89 há mais de 20 anos, e a qualquer um é dado o exercício de pedir a prisão em flagrante. A punição prevista pela lei é a pena de reclusão de um a três anos mais multa para quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Punição e conscientização

Veja matéria da TV Câmara sobre a campanha contra o racismo.

O ex-árbitro Márcio Chagas participou do debate. Em março, ele foi vítima de racismo durante uma partida do Campeonato Gaúcho entre Esportivo e Veranópolis, em Bento Gonçalves. Ele ouviu da torcida do Esportivo "macaco", "seu lugar é na selva" e "volte para o circo". E após sair do estádio, encontrou duas bananas sobre o seu carro, que foi depredado.

O caso foi julgado pela Justiça Desportiva, e o clube foi punido com multa de R$ 30 mil, cinco perdas de campo e a perda de nove pontos, o que resultou no rebaixamento do time para série B.

Segundo Márcio Chagas, a conscientização e ações educativas são o melhor passo, mas a decisão representou uma lição, "tendo em vista que essa equipe teve um tempo hábil de praticamente um mês e meio para identificar essas pessoas, não se prontificou a identificá-las e acarretou uma punição que, no meu entender, foi a mais justa para toda a atrocidade que aconteceu naquele dia."

Fim das torcidas organizadas
O deputado Danrlei de Deus Hinterholz (PSD-RS), que foi goleiro por 16 anos, defende o fim das torcidas organizadas e afirma que a internet é uma ferramenta fundamental para combater o preconceito.

Ele acredita que as câmeras instaladas nos estádios sejam um legado positivo para identificar os torcedores racistas. Danrlei lamenta que o Brasil não esteja no estágio tecnológico para identificar os racistas, mas esse deve ser um dos legados da Copa.

"Por quê? Porque nós teremos e temos câmeras dentro dos estádios, na frente dos estádios. Isso vai facilitar com que nós possamos encontrar essas pessoas que se aproveitam da multidão pra praticar o racismo”, observa. “Não adianta nós punirmos apenas os clubes, apenas o público. Nós temos, sim, é que encontrar essas pessoas porque, se não, elas vão continuar escondidas atrás da multidão."

Custo zero
A campanha contra o racismo da Comissão de Esporte foi criada por servidores da Câmara e teve custo zero para a Casa. O material será divulgado pela internet e nos veículos de comunicação da Câmara e também será disponibilizado para emissoras de rádio e TV.

Uma das intenções da campanha é divulgar a legislação desportiva por meio da internet e também transformar a comissão numa espécie de central de denúncias, como ressalta o deputado Afonso Hamm (PP-RS).

Ele defende a sistematização das denúncias, "onde nós podemos, inclusive, vamos dizer assim, repassar às autoridades para punir pessoas que cometem o crime inafiançável que é o crime em relação a atitudes e atos de racismo."

A campanha "Fim de jogo para o racismo" foi lançada pela Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados nesta quarta às16 horas no hall da taquigrafia da Câmara.

Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Newton Araújo

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