Brasil faz exploração racional do nióbio, mas pode melhorar, dizem especialistas

31/08/2017 12h05
30/08/2017 - 17h02

Metal é usado como liga super-resistente e na fabricação de foguetes, satélites espaciais, turbinas para motores a jato, mísseis e centrais elétricas de aço

A Comissão de MInas e Energia, da Câmara dos Deputados, reuniu especialistas e autoridades do governo para discutir a produção e exportação de nióbio

O Brasil detém cerca de 90% das reservas de nióbio do mundo e faz uma exploração racional do metal, mas pode melhorar. Essa foi a conclusão da audiência pública realizada pela Comissão de Minas e Energia, da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (30), que reuniu autoridades do governo e especialistas da área de mineração.

A produção mundial de nióbio chegou a 85 mil toneladas no ano passado. O Brasil produz cerca de 90% desse metal no mundo, mas não exporta o minério puro.

Exporta o produto final, o principal deles é o ferro-nióbio, usado como liga super-resistente e na fabricação de foguetes, satélites espaciais, turbinas para motores a jato, mísseis e centrais elétricas de aço.

A aplicação principal do nióbio é na indústria siderúrgica. O crescimento da indústria siderúrgica faz crescer as exportações de nióbio. E a evolução do preço de nióbio também está associada à demanda do setor siderúrgico e da aplicação de aço. Por esse motivo, a diminuição do mercado também acompanha a tendência da exportação.

Abastece e sobra
Segundo o diretor do Departamento de Transformação e Tecnologia Mineral da Secretaria de Geologia do Ministério de Minas e Energia, José Luiz Amarante, a política de exportação das empresas brasileiras e canadenses consegue abastecer o mercado mundial com sobras.

No mundo, a produção de aço no ano passado foi 1,6 bilhão de toneladas. No mesmo período, a produção de nióbio alcançou 85 mil toneladas. Menos de meio quilo de nióbio é usado para dar resistência a uma tonelada de minério de ferro.

Gilmar Felix / Câmara dos Deputados
âmina Pereira, que propôs o debate: "debate desmistificou o tema, sempre discutido nas redes sociais cercado pela ideia de que o Brasil tem uma mina de ouro nas mãos e não sabe explorar"

"O nióbio tem alto valor agregado e ninguém compra o segundo quilo. Você compra o quilo que você precisa comprar. Ninguém vende em condições normais qualquer mercadoria a preço inferior a preço de mercado, isso não existe", diz Amarante.

Não é insubstituível
Ao contrário do que muita gente pensa, o nióbio não é insubstituível. O titânio, o vanádio e o molibdênio tem características semelhantes ao nióbio. O nióbio é apenas mais resistente e também é mais caro.

Por isso, há uma ciência na forma de explorar o minério, como diz o diretor de planejamento e desenvolvimento da mineração do DNPM, Departamento Nacional de Produção Mineral, Wagner Fernandes Ribeiro.

"Quando você começa a explorar demais, o preço cai e fica inviável. Então o nióbio é praticamente usado por tonelada de minério de ferro em 400 gramas. Então você vê que é um trabalho que tem que ser cuidadoso porque se você começa a explorar de uma forma muito ampla, você vai fazer o preço cair e ele fica inviável", destaca Wagner Fernandes.

Desmistificação do tema
Segundo a autora do requerimento para a audiência pública, deputada Dâmina Pereira (PSL-MG), a reunião serviu para desmistificar o tema, que nos últimos tempos invadiu as redes sociais sempre cercado da ideia de que o Brasil tem uma mina de ouro nas mãos e não sabe explorar.

"Como vocês viram, acho que o tempo ainda foi pouco. É um tema bastante interessante e é pouco divulgado. Acho que para esclarecer é necessário ter um pouco mais de tempo, um pouco mais de debate e mais conhecimento. Com certeza vamos tentar programar mais vezes", avalia a parlamentar.

'Agência Câmara Notícias'