Direitos Humanos

Visita a antigo DOI-Codi reforça necessidade de revisão da Lei da Anistia, diz deputada

Bancada do Psol diz que vai protocolar na Câmara representação contra o deputado Jair Bolsonaro por supostamente ter agredido o senador Randolfe Rodrigues. Bolsonaro afirma que o senador “está tentando se vitimizar”.

23/09/2013 - 18:36  

Erundina
Erundina: é inaceitável que os responsáveis por violações dos direitos humanos permaneçam impunes.

A visita de parlamentares integrantes da Subcomissão Mista da Verdade, Memória e Justiça, que acompanha os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, ao prédio onde funcionava, no Rio de Janeiro, o antigo Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) serviu para reforçar a necessidade de uma revisão da Lei da Anistia (6.683/79), afirmou nesta segunda-feira (23) a deputada Luiza Erundina (PSB-SP). O DOI-Codi era um órgão de inteligência e repressão, subordinado ao Exército na época da ditadura.

Erundina se disse comovida ao percorrer locais onde presos políticos sofreram tortura durante o período do regime militar, entre 1964 e 1985. "A emoção das pessoas que passaram por aquilo é muito forte. Isso prova que temos de ir até o fim na revisão da Lei da Anistia, porque é inaceitável que aqueles que são responsáveis por esses crimes permaneçam impunes indefinidamente."

A deputada destacou que a presença dos integrantes da Comissão da Verdade também vai ajudar na concretização do projeto que busca transformar o local onde hoje funciona o 1º Batalhão de Polícia do Exército em um centro de memória, a exemplo do que foi feito no antigo Departamento de Ordem Pública e Social (Dops) de São Paulo e em centros de tortura na Argentina, no Uruguai e no Chile.

Tumulto

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Ouça a entrevista com Erundina sobre a visita

A visita ao antigo prédio do DOI-Codi começou com tumulto. O motivo foi a chegada do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que não faz parte da comitiva e tem ponto de vista divergente daquele defendido pela Comissão da Verdade.

Segundo relatou Erundina, a confusão teve início quando Bolsonaro tentou forçar a passagem, no portão do quartel, e foi impedido de entrar pelos senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (Psol-AP).

Na discussão, Randolfe afirmou ter sido agredido com um soco no estômago por Bolsonaro - a bancada do Psol na Câmara informou que vai protocolar uma representação contra o deputado do PP no Conselho de Ética da Casa por quebra de decoro parlamentar, em virtude da suposta agressão.

Bolsonaro, por sua vez, criticou a tentativa dos senadores de barrarem sua entrada no quartel e negou que tenha dado um soco em Randolfe. O deputado admitiu, porém, que, durante a confusão, deu um empurrão no senador. “O primeiro agredido fui eu. Quem são eles para impedirem um deputado, um integrante da Comissão de Direitos Humanos e Minorias [da Câmara], de entrar no quartel?”, questionou o deputado. Quanto à representação do Psol, Bolsonaro disse que Randolfe “está tentando se vitimizar”.

Da Reportagem/MO

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