Crise Hídrica
Crise hídrica é como tem sido chamada a falta de água para abastecimento humano em grandes cidades brasileiras, principalmente na Região Metropolitana de São Paulo, entre 2013 e 2015, e no Distrito Federal, desde o final de 2016 até o presente. Embora essas cidades situem-se em regiões de altos índices de pluviosidade anual, elas foram atingidas por secas extremas, que colapsaram seus reservatórios de abastecimento hídrico, e seus moradores foram submetidos a estratégias de racionamento de água.
As causas dessas crises não se resumem à falta irregular de chuvas. Elas são o resultado de um somatório de fatores, que incluem as anomalias meteorológicas, mas envolvem, também, má gestão dos recursos hídricos, falta de infraestrutura de abastecimento capaz de acompanhar o aumento da demanda, educação para um consumo racional de água, redução de desperdícios, uso de fontes alternativas aos reservatórios e controle de problemas ambientais, especialmente o desmatamento e a poluição.
A escassez de água também atinge, de forma crônica, o semiárido nordestino, onde as secas são fenômenos naturais recorrentes. A seca que assola a região desde 2011 é considerada a mais forte dos últimos sessenta anos. Nessa região, a atuação governamental tem se pautado em ações emergenciais, de suprimento de água e assistência social. Os esforços no sentido de promover atividades econômicas adaptadas às condições climáticas regionais têm sido insuficientes.
Eventos extremos vêm se acumulando no Brasil, nas últimas duas décadas. Além da crise hídrica no Sudeste e no DF e a forte seca que assola o Nordeste, acrescentem-se secas intensas em 2005 e 2010 e enchentes em 2009, 2012, 2014 e 2015 na Amazônia; chuvas extremas e consequentes deslizamentos de terra em 2011 e 2013, na Região Serrana do Rio de Janeiro, que deixaram centenas de mortos; tornado de Xanxerê (SC), em 2015; e inúmeros outros desastres registrados em todo território nacional pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. Esses eventos enquadram-se nas projeções de aumento da frequência e da intensidade dos eventos extremos decorrentes das mudanças climáticas, do Intergovenmental Panel on Climate Change (IPCC). Portanto, não se pode negligenciar a possível correlação entre os desastres ocorridos nos últimos anos e as mudanças climáticas. Medidas adaptativas precisam ser adotadas, de forma a evitar que eventos extremos ocasionem desastres.