Pilotos não vão mais voar por seis madrugadas seguidas, anunciam empresas
Foto: Cadu Gomes/Comissão de Viação e Transportes
A deputada Clarissa Garotinho (C) coordenou a audiência pública
"Os pilotos não vão mais voar por seis madrugadas seguidas. Agora, serão duas, no máximo. As empresas assumiram esse compromisso publicamente. É um grande avanço", disse Clarissa. A deputada é a relatora do projeto e convocou a audiência que lotou o plenário 11 da Câmara.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, destacou que o setor não discute mais a necessidade de implantar um sistema de gerenciamento de risco da fadiga: "É um consenso".
A audiência pública foi o último evento de uma série de mesas-redondas e reuniões realizadas para tratar do projeto. Agora, Clarissa vai trabalhar no relatório. A expectativa é levá-lo a votação na CVT até o final de maio.
Só não há acordo ainda sobre a jornada de trabalho e a escala de folgas. O presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Adriano Castanho, defende uma jornada de 11 horas diárias de trabalho e um mínimo de 11 folgas por mês.
Sanovicz não falou em números, mas está otimista em relação a um acordo. Castanho acredita que o projeto é como um "freio ABS". Para ele, a regulamentação vai trazer mais segurança para passageiros e tripulantes.
O especialista em gerenciamento de risco da fadiga na aviação Raul Bocces afirmou que a atualização da lei, em vigor há 31 anos, vai ajudar o piloto a "voar mais e com mais segurança". De acordo com ele, 20% dos acidentes aéreos são provocados pelo cansaço dos pilotos.
Além dos deputados que integram a comissão e aeronautas, a audiência foi acompanhada por Claúdio Passos, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e Juliano Noman, da Secretaria de Aviação Civil (SAC).