WTTC: aliança entre companhias aéreas é saída para aumento da demanda

06/12/2007 17h30

Jean-Claude Baumgarten, presidente do World Travel Tourism Council (WTTC), esteve no 9º Congresso Brasileiro da Atividade Turística (Cbratur), que aconteceu em Brasília, nos dias 4 e 5 de dezembro, para ministrar palestra sobre "As tendências de integração de diferentes modais de transportes para o desenvolvimento do turismo no mundo". Em entrevista exclusiva ao MERCADO & EVENTOS, Baumgarten falou sobre a crise aérea brasileira e fez comparações com outros países. Veja trechos da entrevista:

Demanda - "Se é uma crise, então ela é boa, pois está sendo gerada pelo aumento da demanda. Há três anos, o tráfego aéreo tem crescido muito rapidamente. Há países que não tinham muita consciência sobre transporte aéreo, mas que estão mudando essa concepção pouco a pouco. A Índia, por exemplo, está abrindo seus céus, privatizando os aeroportos e agora conta com três transportadoras locais para vôos domésticas e com várias outras para vôos internacionais. Esse país entendeu que transporte aéreo é importante. O outro exemplo é a China. O tráfego aéreo chinês tem crescido 20% ao ano. E a China já encomendeu centenas de novas aeronaves."

Turismo e Transporte Aéreo - "O transporte aéreo é parte do turismo. Se não tivesse turismo, não existiria o transporta aéreo. Às vezes, eles não se consideram parte da indústria do turismo, mas são."

Hub - "Nos últimos 20 anos, o sistema de hub foi muito bom para a economia das companhias aéreas, mas com o crescimento do tráfego eles não são mais suficientes, pois são pouco flexíveis e comportam mais todo o tráfego. Por exemplo, a Delta e a Continental voavam do hub de Atlanta, Newark para outros hubs como Paris e tinham acordos com a Air France. Mas esse tipo de relação ponto a ponto não está mais funcionando, porque o tráfego está muito alto, então agora a Delta está voando também para Genebra e Estocolmo. Em outras palavras, com o crescimento do tráfego, as companhias podem agora ter conexões que são suficientemente fortes para se tornarem rentáveis."

Conceito - "A alta demanda está mudando também o conceito tradicional de transporte aéreo. O conceito de empresas nacionais não existe mais, o que vemos agora são empresas internacionais, que têm se destacado."

Business - "Outro aspecto importante é o crescimento das viagens de negócios. É tão forte que as companhias têm um mix de planos para criar novas linhas e destinos. E esse tipo de business travel, além das viagens de turismo cada vez mais freqüentes, tem estancado um novo fenômeno: o surgimento de dezenas de companhias regionais, de baixo custo como Southwest (EUA), JetBlue (EUA), Ryanair (Irlanda) e Easyjet (Reino Unido). Isso é uma tendência mundial e já acontece também na Índia e na Malásia, por exemplo."

Alianças - "É importante que haja acordos comerciais feitos com companhias estrangeiras. O que o Brasil deveria fazer é se perguntar: quais são os meus mercados? Não é só a Europa. Eu tive com a Emirates ontem (4/12) e olha aí um novo mercado: Dubai, porta para a Ásia e para o Oriente Médio. O que deve ser feito é parar e olhar para os possíveis parceiros com os quais as companhias brasileiras podem trabalhar pelos próximos 10 anos. Criar uma nova linha aérea parece não fazer sentido quando não se tem dinheiro. A TAM, por exemplo, não tem fontes financeiras para atender a certas demanda. Quando você tem uma companhia, bom produto, bom potencial, mas não tem o dinheiro para investir então é preciso fazer alianças. O mundo é o limite. Eu não tenho visto no Brasil ninguém falando em fazer alianças com companhias que já desenvolveram o destino como a Emirates, por exemplo, que está procurando novos mercados. Essas comapnhias podem ajudar as aéreas brasileiras a desenvolver novas linhas."

Capital estrangeiro - "A solução é, se não tem capacidade, se alie para desenvolver a capacidade. É preciso desenvolver a oferta e assim criar um plano de negócio, pois ninguém quer aportar capital em uma empresa sem estratégia. E se você tem parcerias, as coisas ficam mais fáceis."

Infra-estrutura - "Claro que existe a questão da infra-estrutura, mas é preciso provar para o seu governo que o país tem o tráfego e eles têm que construir novos aeroportos. Eu cheguei hoje a São Paulo e não tinha vôo ligando a Brasília, então tive que ir ao aeroporto doméstico (Congonhas)."

WTTC 2009 - "Em 2008 será realizada em Dubai, para 2009, está aberta a corrida."

Fonte: Thais Hernandes (Mercado e Eventos)