Pesquisa mostra que 12,1% dos cariocas que não vão viajar culpam apagão

O caos aéreo que deixou em dezembro milhares de passageiros sem viajar ou esperando horas nos saguões dos aeroportos, voltou à lembrança dos consumidores que terão no carnaval mais um feriado prolongado. Pesquisa feita pela Fecomércio-RJ, a pedido do GLOBO, mostra que o temor de um novo "apagão aéreo" influenciou a decisão de 12,1% dos cariocas que optaram por não viajar no carnaval. Os problemas nos aeroportos no fim do ano - especialmente no Natal - também ajudaram a engrossar a lista de quem não sabe se vai viajar durante os dias de folia: 15,3% culpam o "apagão aéreo" pela indecisão.

A Fecomércio-RJ ouviu 1.200 pessoas entre 18 e 19 de janeiro. Agências de viagens, operadoras de turismo e hotéis buscam formas para atrair clientes. Nos hotéis, a solução encontrada foi o desconto nos pacotes.

Região dos Lagos se torna destino mais procurado

O presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, destaca que os dados da pesquisa mostram que ainda é expressivo o percentual de pessoas que adiou a viagem ou decidiu não viajar por causa do caos aéreo. Em contrapartida, este movimento aponta para o aquecimento da economia do turismo em cidades vizinhas à capital fluminense, principalmente a Região dos Lagos.

- A preocupação com o apagão influencia a tomada de decisão de um grande número de pessoas que viaja no carnaval. Os rumores de uma nova operação-padrão e os habituais atrasos nos vôos fazem, como mostra a pesquisa, com que muitos prefiram o carro ou o ônibus para deslocamentos mais curtos. As cidades vizinhas podem ser beneficiadas com isso - afirma Diniz.

O medo de passar o carnaval no aeroporto fez a advogada Marcella Blok desistir de viajar para Buenos Aires, na Argentina, durante um dos feriados mais populares do país.

- É uma insegurança muito grande. As passagens são caras, e, numa confusão dessas, os passageiros não são bem tratados. Por isso, decidi não viajar este ano -- disse Marcella.

Carlos Alberto Amorim Ferreira, vice-presidente da Associação Brasileira de Viagens (Abav) nacional e do Rio, diz que, antes de toda a confusão nos aeroportos, a expectativa da entidade era de aumento de 20% na venda de pacotes para o carnaval, em relação ao mesmo período do ano passado. Hoje, o melhor cenário, diz Ferreira, é manter as vendas em patamares semelhantes aos de 2006. Segundo ele, as operadoras estão baixando preços dos pacotes em 10%. O foco da redução está na hospedagem.

- A redução nos pacotes está basicamente nos hotéis, que também estão oferecendo produtos e serviços extras para atrair os clientes. No Rio, esperamos que os turistas de estados próximos optem pelo ônibus ou carro em suas viagens.

O Rio Othon Palace Hotel, em Copacabana, é um dos que está com 10% de desconto nos pacotes para o carnaval. O pacote de cinco noites a partir de R$7 mil para casal, dá direito a duas fantasias para desfilar na escola de samba Unidos de Vila Isabel e dois ingressos para a Feijoada de carnaval do hotel.

SindRio prevê queda de 20% a 22% na receita da hotelaria

Para o presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio), Alexandre Sampaio, o apagão aéreo pode comprometer o faturamento do setor hoteleiro. Segundo ele, o Rio poderá ter perda de receita na hotelaria de 20% a 22% na comparação com 2006.

Os dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) são os mais otimistas e mostram que a primeira quinzena de janeiro indicava que 71,7% das unidades hoteleiras já estavam reservadas para o carnaval.

Os locais mais procurados, no entanto, não são os grandes hotéis da orla, mas os localizados no Centro, Glória e Flamengo. De acordo com o presidente da ABIH-RJ, Alfredo Lopes, essa tendência é normal, já que estes bairros estão mais próximos do Sambódromo.

Fonte: O Globo, 04/02/2007