Sinal verde para os clubes
Claudio Nogueira
Ministro do Esporte vai pedir ao presidente Lula alteração nos repasses da Lei Piva
OConselho de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos (Confao) obteve ontem a primeira vitória na luta que trava como o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para obter 30% dos recursos da Lei Agnelo/Piva.
Depois de ter recebido ontem representantes do Confao, o ministro do Esporte, Orlando Silva, vai apresentar ao presidente Luis Inácio Lula da Silva, em até 60 dias, uma proposta de decreto, visando à mudança dessa lei, para favorecer os clubes na divisão de recursos.
Em vigor desde 2002, a lei estabelece que 2% da arrecadação das loterias federais sejam repassados ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (15% do total) e ao COB (85%), que redistribui os recursos às confederações. Fundado no dia 3, o Confao reivindica que os clubes formadores recebam 30% do que o COB obtém.
- Não quero discutir percentuais, mas sim se os clubes são importantes e se merecem ser apoiados. Até o COB ficará de acordo quanto a isso - afirmou Silva.
COB quer fatia maior das loterias
O ministro quer um decreto para regulamentar o repasse das verbas.
- Assim como o COB repassa um valor a uma determinada confederação, ele passaria recursos a cada um desses clubes - explicou o ministro. - Acredito que isso seja justo. Um clube como o Pinheiros, por exemplo, tem importância estratégica no esporte brasileiro.
O ministro espera se reunir em março com o COB e o Confao, formado por Pinheiros, Minas, Sogipa, Náutico União, Vasco, Flamengo, Fluminense e Corinthians.
- Quero me sentar com o COB, confederações e clubes, para um consenso - anunciou. - O esporte olímpico não terá mais conquistas se não nos unirmos. Disputas entre COB e clubes só atrapalham.
Silva antecipou que o ministério pode se empenhar para que estatais, que já apoiam confederações, ajudem os clubes, e que estes busquem recursos da Lei de Incentivos Fiscais, pela qual uma empresa pode doar 1% de seu Imposto de Renda.
- Clube devedor não recebe recurso público, e quem estiver inadimplente está fora! Para se beneficiar, o clube tem de cumprir os critérios da lei, porque os recursos são fiscalizados pelo TCU - advertiu.
O presidente do Minas e do Confao, Sérgio Bruno Zech, comentou:
- Vamos buscar junto ao ministério e ao COB solução para que nós, que estamos na base, e outros clubes, que nunca fizeram esporte e muitos que pararam de fazer, voltem a formar atletas.
O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, afirmou, em nota, que reconhece o papel dos clubes, mas alerta: "A Lei Agnelo/Piva é fundamental para o desenvolvimento do esporte olímpico brasileiro e para o trabalho das confederações brasileiras olímpicas. Mas ela não é suficiente, pois corresponde a apenas um terço das necessidades dos esportes olímpicos."
Já o superintendente-executivo de esportes do COB, Marcus Vinícius Freire, observou que a expectativa é de que a lei vá movimentar R$79 milhões este ano.
- Se houver um decreto redistribuindo as verbas, uma confederação que já se planejou vai deixar de receber alguma parte. É necessário o dinheiro novo, e não redistribuir recursos. O ideal seria que o Ministério conseguisse 3% ou 4% da arrecadação das loterias, para redistribuir - afirmou o superintendente do COB.
Fonte Jornal O Globo