Carla Belizária

Foi um dia ímpar na história da democracia do Brasil. Ao som de palavras de ordem comemoradas por estudantes como “a nossa história ninguém apaga, a Une e a Ubes voltam para casa”, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva corrigiu “uma grande injustiça cometida há 44 anos”. Lula assinou um projeto de lei nesta terça-feira (12), que indenizará as entidades em até R$ 36 milhões pelo incêndio da sede onde ambas funcionavam. “A UNE, por tudo o que fez e por tudo o que significou e significa, jamais deveria ter sido destruída, mas sim vangloriada”, afirmou o presidente.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) foram as primeiras vítimas da ditadura militar. Durante o primeiro dia da repressão, em 1º de abril de 1964, o prédio foi incendiado. No ano de 1980 foi demolido.

O anúncio foi no antigo endereço da sede - Praia do Flamengo, 132, zona sul do Rio de Janeiro.´No local será construída a Casa do Poder Jovem e da Efervescência da Política e da Cultura Nacional. Acompanhado do ministro interino do Esporte, Wadson Ribeiro, dos ministros José Gomes Temporão (Saúde), Fernando Haddad (Educação), Edson Santos (Igualdade Racial), Luiz Dulci, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral e do governador de São Paulo, José Serra, o primeiro presidente da UNE, o presidente Lula conheceu a maquete da nova sede.

No terreno que já foi devolvido aos estudantes será construído um prédio idealizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A sede terá 13 andares e entre os espaços estão a instalação de um teatro para abrigar as produções culturais estudantis e um museu de Memória do Movimento Estudantil.

Segundo o projeto assinado, será criado um grupo de trabalho para discutir o valor da indenização às entidades estudantis. Foi estabelecido o limite de R$ 36 milhões para a indenização (seis vezes o valor que o terreno está avaliado - R$ 6 milhões).

A Comissão, que será coordenada pela Secretaria-Geral da Presidência da República (SG) e pelo Ministério da Justiça, contará também com representantes do Ministério da Educação, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, do Congresso Nacional e Ministério Público.

De acordo com a presidente da UNE, Lucia Stumpf, ao longo dos 71 anos de criação da entidade, o movimento estudantil vive um momento de diálogo e de ajuda mútua entre o governo. “O respeito a soberania e a democracia demonstra amadurecimento”, afirmou ao prever que a nova sede da Une/Ubes seja construída em 18 meses.

Durante o evento foi lançada a Caravana da UNE por Educação, Saúde e Cultura. Um ônibus, que foi apresentado aos participantes da atividade, visitará todos os estados do Brasil percorrendo aproximadamente 32 mil quilômetros. A meta é realizar debates, atividades culturais, oficinas e campanhas como a doação de sangue nas universidades brasileiras.

Ismael Cardoso, presidente da Ubes, destacou que este ato com a presença de Lula na sede e na data em que se comemora o Dia Nacional da Juventude é um momento histórico. “A última visita que tivemos de um presidente da República foi feita por João Goulart, em, 1962”, destacou.

Para o ministro interino Wadson Ribeiro, que também presidiu a UNE, a reconstrução da sede do movimento estudantil é a prova viva de que os sonhos não envelhecem. “Ela consolida uma democracia plena e muito bem estruturada em nosso país”, garantiu.

Fonte: Ministério do Esporte Carla Belizária