Orlando Silva critica planejamento do Pan

07/08/2007 13h25

Ministro do Esporte, porém, destaca em programa de TV a importância dos Jogos

Orlando Silva reclama da timidez e do conservadorismo do empresariado do paísEmbora tenha feito questão de valorizar a importância da realização dos Jogos Pan-Americanos para o Rio de Janeiro, o ministro do Esporte, Orlando Silva, criticou o planejamento do evento, que segundo ele teve repercussão no aumento do orçamento original - de U$ 225 milhões em fevereiro de 2003 para até três vezes e meia a mais, segundo o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman. Orlando Silva também reclamou do empresariado, em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.

- Um erro muito nítido diz respeito ao planejamento. Em minha opinião, a distorção vivida pelo orçamento se deu, sobretudo, com planejamento pouco consistente, que não foi capaz de prever todos os itens. Mas acredito que seja uma lição para o futuro - afirma o ministro, acrestando que as instalações precárias para o beisebol e o softbol na Cidade do Rock foram a nota triste do Pan.

Ele divide a responsabilidade pelo crescimento dos gastos do Pan com os empresários brasileiros:

- O fator que explica a timidez da presença privada é o conservadorismo do empresariado brasileiro em investir naquilo que não é o seu próprio negócio.

Para Orlando Silva, o maior desafio agora é a manutenção das instalações esportivas construídas para os Jogos.
- Nossa visão é que todas elas devem se transformar em centros nacionais de treinamento. E a Lei de Incentivo ao Esporte vai abrir oportunidade para atrair investimento privado, inclusive na manutenção desses espaços. O Rio hoje tem uma capacidade instalada que permite sediar qualquer evento esportivo. Foi um bom investimento, assim como foi muito importante o investimento na área de segurança pública - destaca.

Candidaturas futuras
Sobre a candidatura à sede das Olimpíadas de 2016, Orlando Silva aposta numa presença mais forte da sociedade. Com relação à Copa do Mundo de 2014, o ministro vê uma grande oportunidade pra se ampliar os investimentos:

- Uma Copa não se faz apenas em estádios. É preciso sistema de transporte, telecomunicações. Nós temos que fazer da Copa do Mundo uma oportunidade de se investir no Brasil. E a Copa do Mundo é uma oportunidade para nós qualificarmos muitas cidades.

Sobre a Lei de Incentivo ao Esporte, o ministro diz acreditar que as empresas vão se associar por causa do crescimento da chamada responsabilidade social. Mas faz um alerta:
- Um desafio que nós vamos ter é nacionalizar essa lei, porque, no caso da cultura, por exemplo, há superconcentração de projetos nos principais centros. Há de se fazer um trabalho de sensibilização no meio empresarial para além dos principais centros, que são muito carentes de apoio ao esporte.

Educação e esporte
Ele anuncia ainda que o orçamento do Bolsa Atleta será dobrado e ressalta a importância da relação entre esporte e educação:

- Eu não acredito em qualquer hipótese para que o Brasil se desenvolva como potência esportiva, como um país em que as pessoas tenham qualidade de vida, se nós não vincularmos o esporte à educação. Esporte e educação é uma associação estratégica. Cuba e Estados Unidos são dois países com sistemas políticos, econômicos, ideológicos, tudo diferente, mas são dois países que têm um potencial esportivo visto a olhos nus. Por quê? A associação entre esporte e educação.

Por fim, Orlando Silva destacou a Timemania como uma grande chance para os clubes de futebol se salvarem:

- A loteria serve para o realinhamento fiscal dos clubes. A estruturação da dívida desses clubes. É o marco zero, é uma oportunidade que os clubes brasileiros vão ter para se reorganizar.

Fonte: GLOBOESPORTE.COM