Viagens a trabalho e riscos à saúde
Das 800 milhões de viagens aéreas em 2005, 16% foram realizadas a trabalho, segundo dados da Organização Mundial do Turismo (OMT). Mas viajar pode implicar riscos à saúde. Estudo da revista médica britânica The Lancet aponta que, de cada 100 mil pessoas que se deslocam para países em desenvolvimento, 50% têm problemas de saúde, 8% buscam auxílio médico e 1,1% fica temporariamente incapacitada de voltar ao trabalho.
Não há dados precisos sobre o número de viajantes a negócios no Brasil. O Ministério do Turismo registrou a saída do País de mais de 3,8 milhões de brasileiros em 2005, quer a negócios ou turismo. No exterior, a preocupação com a saúde de quem viaja existe há décadas. Aqui, o primeiro centro médico do gênero surgiu em 1997, o Centro de Informação em Saúde para Viajantes (Cives), da UFRJ, no Rio. Em 2000, o Instituto Emílio Ribas criou o Núcleo de Medicina de Viajantes, em São Paulo.
O atendimento começa com uma consulta, quando são avaliados histórico, vacinas tomadas, roteiro de viagem, tempo de permanência, época do ano e meio de transporte. Só então fala-se das medidas preventivas, como vacinas. Algumas, como a febre amarela, podem ser obrigatórias em certos países.
Existem, ainda, as vacinas recomendadas de acordo com o roteiro, as condições prévias de saúde e o histórico de imunizações. É o caso de vacinas contra gripe, hepatites A e B, febre tifóide, tétano, poliomielite, sarampo e raiva. Algumas dessas doenças não ocorrem só em países em desenvolvimento, como o sarampo. Casos da doença foram registrados na Alemanha e em outros países europeus.
Nem mesmo quem vai a restaurantes de luxo está livre de doenças. A hepatite A e a febre tifóide, por exemplo, podem ser contraídas se o viajante ingerir alimentos manipulados por uma pessoa infectada
Há, também, problemas decorrentes do jet lag, a diferença de fusos durante uma viagem longa. Seus efeitos podem ser reduzidos se o viajante tentar se adaptar o mais rapidamente possível ao horário da região visitada - por exemplo, almoçar mesmo que para ele seja a hora do café. A exposição ao sol é essencial para facilitar a adaptação.
Cuidados com a ingestão de líquidos e alimentos podem evitar a diarréia, que afeta 70% dos viajantes. Duas regras básicas: beber só líquidos engarrafados industrialmente e evitar alimentos condimentados ou crus.
*Jessé Alves - Médico do Núcleo de Medicina do Viajante do Instituto Emílio Ribas, do check-up do viajante do Fleury Centro de Medicina Diagnóstica e representante da Sociedade Latino-Americana de Medicina dViajante
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - Caderno Viagem