Audiência na Justiça do Rio define hoje próximo passo do drama da Varig

10/07/2006 00h00

Uma audiência no Tribunal de Justiça do Rio deve definir hoje a próxima etapa da crise da Varig. Representantes da companhia, da ex-subsidiária VarigLog, da comissão de juízes responsável pela recuperação judicial, e da consultoria Deloitte, vão discutir principalmente o preço mínimo do leilão (R$ 277 milhões), considerado insuficiente para pagar as dívidas.

Advogados da VarigLog e executivos da sua controladora, a Volo do Brasil, estiveram reunidos neste fim de semana para avaliar as mudanças sugeridas num parecer da Deloitte, entregue à Justiça na sexta-feira.

O documento, de 40 páginas, faz restrições á proposta da VarigLog, especialmente sobre o preço mínimo do leilão, que será usado para a Varig pagar uma passivo de R$ 7,9 bilhões. O relatório do administrador judicial considerou a oferta da VarigLog financeiramente pior que a arrecadação de recursos numa eventual falência.

O administrador judicial da Varig levantou dúvidas sobre os R$ 277 milhões propostos pela VarigLog. A Deloitte, usando a fórmula da ex-subsidiária, informou que calculou que o valor seria menor que a metade do preço mínimo proposto (R$ 126,9 milhões). No total, a VarigLog se propõe a injetar em torno de R$ 1 bilhão (US$ 485 milhões).

Outros US$ 20 milhões estão sendo emprestados pela VarigLog para custear as operações da Varig. Até agora, já foram depositados pelo menos US$ 11 milhões com essa finalidade.

Além da Justiça e da Deloitte, credores da Varig têm questionado como a Varig antiga, que será separada da atividade principal e terá 5% das ações da nova Varig, vai conseguir ter fluxo de caixa suficiente para abater débitos. Segundo fontes do mercado, o fundo de pensão Aerus já ameaçou vetar a oferta em assembléia de credores, que ainda terá de ser convocada para votar a proposta. Caso seja aprovada, a expectativa é fazer um novo leilão da companhia.

Os questionamentos à proposta da VarigLog já levaram a Justiça do Rio a adiar a convocação da assembléia de credores e do leilão. Por duas vezes, a Justiça do Rio pediu mais esclarecimentos à ex-subsidiária. Na primeira vez, fontes da VarigLog informaram que a oferta poderia "cair no vazio".


Jornal O Estado de São Paulo — Cad. Economia & Negócios — 10-07-06